Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 9 de agosto de 2009

Meu pai e a Gastronomia - Por Socorro Moreira

Moreirinha

Quando o meu pai era vivo, queria comer peru todos os domingos. Tinha uma freguesia certa, que lhe vendia o peru da roça. Não gostava de muitas misturas. Bastava que fosse ao molho, e acompanhado de um arroz soltinho, e farofa de cuscuz com feijão verde. Na falta desse prato, podia ser substituído pela galinha caipira ou carneiro.
Minha mãe, cozinheira de mão cheia, temperava tudo de véspera, para pegar bem o gosto.
-Fazemos isso até hoje.
Dizia-nos: Para uma galinha caipira, coloquem uma cabeça de alho, uns dez grãos de pimenta do reino, suco de um limão, sal, uma cebola roxa picada, pimentão, tomate, pimenta de cheiro e cheiro verde (coentro e cebolinha).
Depois de partidas, as porções tinham que ser escaldadas e escorridas.
Pilava a pimenta, depois acrescentava os dentes de alho (macerava), e acrescentava o suco do limão, sal e colorau.
Antes a gordura usada era o toucinho. Depois substituído pelo óleo vegetal (canola é o melhor). Refogava os temperos secos ,na gordura quente com os pedaços de carne. Acrescentava os temperos verdes, deixava esfriar e colocava na geladeira coberto com papel alumínio até o dia seguinte.
A carne era cosida em fogo brando, colocando água aos pouquinhos (o mínimo) até ficar tenra e no ponto.
Os acompanhamentos ideais:
Farofa de cuscuz c/feijão verde;
Macarrão (talharim) com nata, manteiga, cebola, tomate e queijo ralado.
Angu de milho (polenta), com molho da carne e queijo ralado.
Uma saladinha básica de alface e tomate, e pronto!
No decorrer dos tempos, substitui o colorau pelo açafrão, e acrescento umas pitadas de alecrim, quando a carne é de criação (carneiro).
A nossa sobremesa geralmente era pudim de leite condensado, que ela fazia com duas latas de leite moça, uma de leite de gado e cinco ovos.
A calda de açúcar , quando a gente errava, usava mel Karo. O pudim, impreterivelmente era acompanhado de doce de ameixa, em calda bem consistente.
Depois da refeição ele pegava no sono, deitado na sua rede – sempre armada. Ventilador e som ligados. E tome Uno, Jalousie, Adeus Pampa Minha, Delicado, e os sucessos de Orlando e Nelson Gonçalves.
Hoje não fiz almoço. Pedi quentinhas ao *“Quatro Estações”. Também não fiz sua sobremesa, nem seu bolo preferido (Luiz Felipe). Mas passo-lhes a receita. Não tem pai que, podendo não goste.

Ingredientes:
. ½ kg de açúcar em ponto de pasta (usar três xícaras d’água para fazer a calda)
.10 ovos (sendo quatro claras e dez gemas)
. Seis colheres de farinha de trigo
. 250 gramas de manteiga
. Um copo de leite de coco (ou um vidro)
.Um pires queijo ralado.
- Passar tudo no liquidificador (é mais prático).
-Levar para assar numa forma untada e polvilhada com farinha de trigo.


* Restaurante em Crato ( telefone : 5211963) de Maria Pia .

Foto de Alfredo Moreira Filho (Moreirinha ) - by Júlio Saraiva

2 comentários:

Anita a vida é bela disse...

Aqui em Sp quando acho feijão de corda fresco é uma festa! Sou filha de pai nordestino. Ele adoraria saber que ainda hoje mantenho suas tradições. Estou adorando dicas de temperos que leio neste blog. Abraço, Anita.

Zélia Moreira disse...

Era isso mesmo . Um prato de cada vez,só assim o sabor era mais realçado. Ele tinha toda razão. Se fosse bacalhau, bastava a malassada ou talvez um feijão de arranca amassadinho com bastante queijo ralado, se carne moída,gerimum o tempeiro, peixe? frito à milaneza com um bom molho de leite de coco e bastante verduras..,e por ai vai.
Aqui falamos de comida...mas meu pai com a sensibilidade de artísta que era, nos ensinou com o exemplo a gostar de todas as manifestações artísticas/culturais: musica, cinema, leitura, pintura...etc
Pai, vc continua vivo em nós, no nosso corpo físico, na nossa memória e na nossa emoção!
Amor eterno!