Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dilermando Reis - Sua Majestade o Violão

Desde a minha infância/adolescência sou apaixonada por violão, pelas melodias que as cordas conseguem interpretar, pelos acordes e a cadência que conseguem ser extraídos de suas cordas. Quando, por acaso, via um violão, tocava com respeito e um certo receio aquelas cordas e sonhava algum dia conseguir interpretar algo que estivesse além daquele simples som desalinhado que se propagava com o meu toque... .
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Ouvir violão sempre me faz levitar, voar, viajar, sentir o mundo mais bonito. Até tentei aprender a tocar esse instrumento. Tive por um tempo aulas com o nosso saudoso Nélio, lá numa salinha da rádio Educadora. Tive como colega, o já falecido, João Roberto de Pinho, excelente aluno! Tivemos uma apresentação no palco da Rádio Educadora, João Roberto dedilhando a música e os demais alunos acompanhando, e aí se encerrou minha prática, mas não meu amor a essa arte.
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Na minha casa na Irineu Pinheiro, a música sempre teve uma presença marcante. Nada elitista, mas um acervo "universal" para cada gosto. Muitas e muitas vezes éramos visitados por Valdesley, Luciano Lira e Edilson Tavares para momentos de deleite musical. Mamãe recebia os "jovens mancebos" e a música passava de clássicos a outros gêneros musicais. .
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.Duas coisas ficaram bem marcadas em minha mente: o Bolero de Ravel - que sempre me emociona a cada execução - e as músicas de Dilermando Reis que enchiam nossa casa de puro encanto. Eu navegava nesse mares, recolhida em meu quarto, apenas sentindo, sonhando e vivendo a música. A menina tímida que eu era não ousava fazer parte desse momento sublime lá na sala com pessoas que eu considerava ilustradas enquanto eu não passava de uma menina encabulada demais para opinar ou comentar o que quer que fosse. Apenas passava pela sala algumas vezes balbuciando algum surdo e quase inaudível cumprimento.
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Mas, o que interessa aqui é Dilermando. Ele que encantou meus sentidos com seu dedilhar divino e majestoso. Não o esqueço, como também não esqueço como sua interpretação preenchia minha alma de emoção pura e intensa.
Ainda gosto de ouvi-lo - inesquecível Dilermando.
(Claude Bloc)

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Um pouco de Dilermando Reis:

Houve Dino e Meira, há João Gilberto - em cada mão um estilo, uma época. Antes de todos, houve Dilermando Reis, morto aos 60 anos, vítima de colapso cardíaco. Durante quatro décadas seu nome foi quase um sinônimo de violão e ele cumpriu o ciclo possível no Brasil a um músico de seu tempo: fez o interior, a boemia e as serestas das grandes cidades, tocou nas lojas que vendiam partituras e instrumentos musicais, foi artista de rádio, atração nos cassinos, formou sua própria orquestra, compôs, gravou, ensinou.

Amigo do ex-presidente Juscelino Kubitschek, teve a alegria de poder considerar-se um dos pioneiros da construção de Brasília: "Ajudei a construir, com minhas próprias mãos, o Catetinho. Meu violão foi primeiro ouvido nos céus da nova Capital e fiz também a primeira música em homenagem à cidade que nascia".

Aprendeu a tocar violão ainda criança, com o pai, Francisco Reis. Na adolescência conheceu o concertista cego Levino da Conceição, com quem percorreu o interior do país, até chegar ao Rio já músico formado. Antes de ingressar nas rádios, lecionou e tocou nas casas de música da época, como Bandolim de Ouro e Guitarra de Prata. Num tempo em que a admiração do público convergia muito mais para os cantores do que para os instrumentistas, Dilermando conseguiu manter um programa semanal de meia hora, no qual a atração máxima e única era seu violão, e de 1936 a 1969, quando deixou a Rádio Nacional, esteve sempre entre os artistas mais populares e requisitados. Gravou cerca de 40 discos entre clássicos e populares, reunindo sucessos como 'Alma Nortista', 'Calanguinho', 'Penumbra' e 'Se ela perguntar', a preferida de Juscelino. As parcerias e as admirações musicais

Companheiro de seresta de Francisco Alves e João Petra de Barros, Dilermando era um instrumentalista brasileiríssimo, impecável na execução de valsas e chorinhos.

Admirava muitos dos músicos e autores mais jovens como Baden Powell ,Carlos Lira, Edu Lobo e Chico Buarque.

Mas não poupava críticas às músicas que considerava meramente comerciais: "Essas músicas de consumo, você a analisa, e não encontra nada, uma parecendo com a outra. Você a ouve porque está muito bem arranjada e muito bem interpretada. Mas ela não fica".

Dilermando ficará.

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Muitos interpretam Dilermando, mas raros conseguem superar ou sua maestria ao executar uma música ao violão.



Sua Majestade, o Violão (video sobra a vida de Dilermando Reis)

2 comentários:

socorro moreira disse...

Uau
Tudo lindo !
Suas memórias e o violão do Dolermando !

Abraços.

Quando vc estiver morando no Crato vai voltar a estudar violão com Abidoral Jamacaru. Já pensou ?

Claude Bloc disse...

Uau!

Com certeza, mas será que a aluna tem esse potencial a esta altura do campeonato? (risos)

Abraço,

Claude