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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 22 de setembro de 2009

"A Primavera" de Botticelli

"A Primavera", Sandro Botticelli - 1478
Têmpera sobre painel de madeira, 2o5 x 315 cm
Galeria Uffizi - Florença - Itália
A Primavera é uma obra de temática mitológica clássica que nos apresenta a alegoria da chegada dessa estação. O jardim de Vênus, coberto de plantas e cheio de flores, perfumado de natureza, tão rico que nele foram identificadas mais de 500 plantas e flores diferentes. Delicioso lugar de devaneio.

Ao fundo, observando e controlando tudo, senhora do jardim, está Vênus. Na tradição clássica, Vênus e o Cupido surgem para avivar os campos, fustigados pelo inverno, iniciando a primavera ao semear flores, beleza e atração entre todos os seres. À direita da obra encontramos três figuras. O primeiro, um ser esverdeado, Zéfiro, personificação do vento oeste, abraça a bela ninfa Cloris. Botticelli a representa em sua metamorfose, quando se transformava em Flora, a figura com vestido florido que cumpre sua função de adornar o mundo com flores. Vêem-se flores a sair-lhe da boca... fez dela a Deusa Flora e deu-lhe domínio sobre a Primavera.Enquanto ela falava, os seus lábios exalavam rosas primaveris: "Eu fui Chloris, e agora chamam-me Flora.» (Ovídio)

Sobre a cabeça de Vênus está Cupido, seu filho, de olhos vendados, apontando a seta do amor em direção às três figuras que representam as Graças ou Carítides :(Aglaia ( a Luminosa )Tália ( a que traz flores ) e Eufrosina ( a Alegre ), símbolos da sensualidade, da beleza e da castidade. Fechando esse ciclo mitológico,mais à esquerda, encontra-se Hermes, mensageiro dos deuses. Reconhecêmo-lo pelas suas sandálias aladas, assim como pelo caduceu que tem na mão elevada, o bastão rodeado por duas serpentes, que é sua principal insígnea. Ele segura o caduceu ao alto, como se quisesse dissipar algumas nuvens negras que avançam em direção à Vênus.Seguem-se-lhe as três Graças, filhas de Júpiter, provindas da tradição grega, representando a alegria, o encanto e a beleza, na sua dança de celebração.

Para o séqüito de Vênus, tal como vemos no quadro, não foi encontrado qualquer texto exato que pudesse ter servido de fonte, nem na antiguidade, nem nos textos a ele contemporâneos. A representação segue muitas vezes várias fontes escritas, que serviam conjuntamente de modelo à execução de alguns personagens, ou que explicam a sua relação com a deusa. É certo que a principal fonte seja a poesia de Lucrécio, “De rerum natura”, na qual se encontram não só as Três Graças, mas também as outras personagens:

“A Primavera e Vênus chegaram : à frente delas avança o arauto de Vênus, e perto das pegadas de Zéfiro, à frente delas Flora, a mãe, recobre todo o caminho e enche-o de perfumes requintados... Divino, perante ti fogem os ventos e as nuvens do céu, perante ti e a tua chegada. Para ti, a Terra, artista feminina, envia flores perfumadas, a superfície dos mares dirige-te um claro sorriso, e o céu cobre-te suavemente com seus luminosos raios.”

Para a filosofia platônica, esse ciclo é a ligação ininterrupta entre o mundo e Deus, e vice-versa.
A Primavera vai entrando no jardim, lançando flores por onde passa, perfumando tudo, enchendo tudo de maravilha.Tema imposto, encomendado por Lorenzo di Pierfrancesco de Medici
para a Villa Medicea di Castello, Botticelli concebeu “A Primavera” sob orientação de Marsílio Ficino, principal representante da filosofia neoplatônica, na época, que via Vênus como um ser de dupla natureza: terrestre, ligada ao amor humano, e celestial, ligada ao amor universal, da qual, supõe-se, Botticelli traçou analogia com a Virgem Maria. Tal suposição está embasada nas vestimentas de extremo recato de Vênus, na posição de sua mão direita, que se encontra em um gesto de bênção, e, também, por ela estar circundada com um arco rendilhado de folhas com fundo claro, que sugerem a forma de auréola e prenunciam as grinaldas florais que, a partir do século seguinte, estiveram associadas à figura da Virgem.


Um comentário:

socorro moreira disse...

linda matéria. E o colorido é teu !


Hoje começou a Primavera , e você na sintonia !

Abraços, amiga .