O filme que revi ontem e que hoje deixo como dica, me fez rememorar minha vida pelo mundo dos livros.
Fui criança sem grandes recursos financeiros. Curiosa e interessada, farejava as amigas mais abastadas, a biblioteca do colégio e as particulares, que prestavam o serviço de aluguel(Dona Lió, por exemplo, na rua Pedro II).
Nessa caminhada fui viciada em livros que me dessem prazer, que me fizessem suspirar.
Como vocês podem ver, o romantismo em minha vida existiu desde sempre.
Adorava romances, fábulas, poesias.
Lamento hoje não ter tido a oportunidade de ler muitos clássicos. Não era tão fácil o acesso a eles.
Alguns autores foram marcantes e aqui relaciono: Irmãos Andersen, M. Delly, Corin Telado, Barbara Carthran (essas duas últimos daqueles livrinhos de bolso, considerados sub-literatura.)
Lógico que entre uma lelitura e outra também li clássicos, como José de Alencar, Machado de Assis, Érico Verríssimo, e Exupèry, leitura obrigatória de todas as candidatas à miss(?).
Nunca parei de ler, mesmo sem obedecer a um processso seletivo. Valia o que fosse possível chegar às minhas mãos.
Tive meu momento dos livros de auto ajuda. Afinal ninguém é perfeito.
Hoje detesto tudo que me promete transformação a partir de receitas prontas. Se elas valessem nós nasceríamos anexadas a uma bula.
Nesse período descobri autores :Osho, Gaiarsa, Regina Navarro, Augusto Cury, Roberto Shinyashiki , Deepak Chopra. Esses, embora enquadrados no gênero, foram fundamentais na formação da pessoa que hoje sou.
Nem sei se melhor ou pior do que era antes, mas certamente muito mais tolerante , e sem preconceitos.
Na pós fase dos livros de auta ajuda, li autores que se aproximam do gênero numa abordagem diferente. Entre eles eu destaco: Leonardo Boff, Rubem Alves, Arthur da Távola, Lya Luft(essa também já esgotada para mim), Irvin D. Yalom,.etc.
Acho que na realidade, mudando os autores, continuo gostando de ler os temas que dão espaço para alguma reflexão.
Ultimamente me tornei fã de Martha Medeiros. Uma cronista, romancista, poeta, que sendo mulher extremamente sensível, descreve com muitas verdades a alma feminina. É daquelas que a gente ler e pensa, "poderia ter sido escrito por mim...é assim que eu penso, que eu sinto".
A minha dica de hoje é um filme baseado num livro dessa escritora: Divã. Gostei tanto , que trouxe pra vocês. Muita gente deve ter visto .
Encontrei numa comunidade relacionada a Martha Medeiros o comentário que ela faz do filme. Achei tão legal que no lugar de escrever, prefiro trancrevê-lo fazendo minhas as suas palavras.
Enfim, assisti ao "Divã" ( por Martha Medeiros)
Tá visto. Cheguei cedinho ontem no Unibanco Artplex e não via a hora de entrar na sala para assistir ao filme. Confesso que, infantilmente, um dos momentos que eu mais aguardava era ver nos créditos o meu nome: nem nos meus sonhos mais delirantes imaginei que um dia veria tal coisa numa tela de cinema. Um dia ainda vou escrever uma crônica chamada "Nunca imaginei que...". Incrível quanta coisa legal me acontece.
A trilha de abertura é "Rapte-me Camaleoa" do Caetano Veloso. Ou seja, começa bem. Em seguida entra a voz em off da Mercedes (papel da Lilia Cabral, a protagonista) resumindo o que vem pela frente: "A gente nasce e morre, e entre uma coisa e outra estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos, adoecemos - ninguém escapa muito desse script".
Mercedes não sabe direito o que vai fazer na terapia, mas certamente é uma tentativa de, se não escapar, ao menos saber se tem potencial para incrementar esse script.
José Mayer está ótimo como o marido Gustavo, Gianechini um colírio como o amante Teo e Cauã Reymond faz uma participação rápida, mas divertida como o garotão Murilo. Alexandra Richter, que fez a melhor amiga de Mercedes na peça e repete o papel no cinema, demonstra que tem competência suficiente para estourar como atriz.
O filme é absolutamente fiel à peça, excetuando-se algumas poucas cenas que Marcelo Saback, o adaptador, inseriu no roteiro. Uma delas dura poucos segundos e é uma jóia: depois da primeira transa com o amante, Lilia está deitada no chão do quarto, nua, deixando-se molhar pela luz da lua.
É filme pra rir, e o pessoal ri à beça. Mas tem momentos que eu pinço como "chaves" do filme. No início, quando ela está no consultório do analista reconhecendo que não sabe direito o que está fazendo ali, diz: "talvez eu esteja com medo de ser feliz pra sempre", sugerindo que o "cumprimento do script" pode ser apenas uma satisfação que damos à sociedade e que isso não basta para dar sentido à nossa vida. Gosto muito também, quando no consultório, ela refere-se ao romance com Teo dizendo: "Não era amor, era melhor", reproduzindo uma das melhores passagens do livro, na minha opinião. E também no consultório, quando o analista sugere alta, ela pergunta: "Alta?? Logo agora que estou me divertindo?", o que pra mim é sintomático: amadurecer significa deixar de levar-se tão a sério.
Ao final da projeção, conversei um pouco com as pessoas da plateia, respondi perguntas. Alguém me inquiriu: você gosta mesmo de tudo? Ora, claro que, como autora do livro em que se baseou o filme, eu tenho meus estranhamentos, meus incômodos com uma frase ou outra que considero desnecessária... coisas pontuais, mínimas, que eu faria diferente. Não é preciso comentar isso, é particular. Impossível estar tão envolvida emocionalmente com um projeto sem ter uma autocrítica mais aguçada. Mas o que importa é que o resultado final me agradou demais e que fiquei verdadeiramente emocionada e envaidecida com esse projeto. "
Zélia Moreira
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2 comentários:
Zélia,querida!
Não assisti ao filme título dessa “sessão”, mas quanto às suas leituras,pode estar certa de que, cada autor citado, cada livro lido, contribuiram de alguma forma, para você se tornar essa pessoa sensível e maravilhosa que você é.
Um abração
Certamente...
Abraços!
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