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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Altemar Dutra - O nosso Seresteiro

Altemar Dutra foi um dos principais nomes da música brasileira durante muitos anos. Seus românticos boleros reinaram nas paradas durante os anos 60 e 70. Ele foi o principal intérprete de uma lendária dupla de compositores: Jair Amorin e Evaldo Gouveia. Altemar compõe o quadro dos artistas brasileiros que se consagraram no exterior. Somente na América Latina foram mais de 500 mil discos vendidos. Nos EUA o brasileiro se tornou o cantor estrangeiro de maior sucesso, conquistando a imensa comunidade latina residente no país. Altemar faleceu em Nova Iorque com apenas 43 anos de idade.

Na cidade maravilhosa Altemar cantou em boates e chegou a fugir do juizado de menores para não ter sua carreira interrompida. Na noite carioca ele conheceu nomes importantes do meio artístico e estreitou o contato com Jair, que o levou para uma apresentação na Rádio Mundial no programa Boleros Dentro da Noite. Após conseguir contrato com a boate ‘O Cangaceiro’, Altemar travou amizade com os integrantes do Trio Iraquitã. Em 63 Joazinho, um componente do trio, fez a ponte para Altemar Dutra assinar um contrato com a Odeon. Era o início de uma grande trajetória musical.

O primeiro LP foi gravado pela Tiger entre o final dos anos 50 e início da década de 60. Mas o primeiro êxito expressivo veio com o álbum de 1963, na Odeon, e trouxe composições da dupla Jair-Evaldo. “Tudo de mim” foi a primeira alavanca da carreira de Altemar Dutra.

"De que é feito afinal
Esse seu coração
E que espécie de amor
Voce deseja dar
Se me humilho demais
Me abaixo até o chão
Ainda fico a dever
Sem lhe contentar O que mais quer você
Se tudo já lhe dei Se o que resta de mim
Sorrindo lhe entreguei
Se do pranto do olhar
Nem mesmo tenho mais
Uma gota sequer
Para chorar
Só minha vida
Eu não lhe dou
Como lhe dar
Se morto estou"

Nos anos seguintes a dupla de compositores experimentava uma enorme produtividade e Altemar se tornou o grande intérprete deles. Durante todo o restante da década de 60, Altemar Dutra reinou absoluto nas paradas de sucesso, emplacando hit atrás de hit.

No ano seguinte ao lançamento do primeiro trabalho, Altemar registra o maior sucesso de sua carreira. A música “Sentimental Demais” conquistou inúmeros fãs e o sucesso rendeu um carinhoso apelido: O Trovador. A grande capacidade vocal e as belas interpretações fizeram de Altemar um sucesso nacional e internacional. As versões em espanhol de suas músicas venderam mais de 500 mil cópias na América Latina. Devido ao enorme sucesso nesse mercado Altemar Dutra gravou um disco em parceria com o cantor chileno Lutcho Gatica, considerado “El rey del bolero”.

No início dos anos 70, Altemar conquistou o público latino residente nos Estados Unidos. Ele lançou inúmeros discos e reinou nas paradas durante os anos 60 e 70. Altemar Dutra é o principal ícone do bolero brasileiro. Dois anos antes de sua morte, o trovador emplacou outro grande sucesso. “Eu nunca mais vou te esquecer” é de autoria de Moacir Franco e estourou em 1981. Altemar Dutra foi casado com a também cantora de boleros Marta Mendonça e teve dois filhos: Deusa Dutra e Altemar Dutra Jr, ambos profundos conhecedores da obra do pai. Altemar faleceu em 1983 vítima de derrame cerebral durante um show em Nova Iorque.
Após sua morte, diversos discos foram relançados ou compilados em coletâneas de sucesso. Nomes importantes da MPB gravaram canções imortalizadas pela interpretação única de Altemar Dutra. Tânia Alves, Fafá de Belém, Agnaldo Rayol e Moacyr Franco são apenas alguns exemplos.

Wikipédia


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