Sempre gostei de percorrer atalhos e, muitas e muitas vezes, lá na Serra Verde, caminhei pelas veredas das cabras, mato adentro, em busca de apaziguar meus primeiros dissabores.
A caminhada solitária me fazia encontrar, no meio do mato, a calma necessária para repor as coisas em ordem na minha cabeça. Saía sozinha, mas sentia-me protegida. Estava com os pássaros e com as árvores e imaginava os mundos que ficavam mais além. A água escorrendo pelos leitos, descendo as encostas. O vento fresco passando suas mãos em meus cabelos. Assim, me punha num espaço onde só eu estava, para refletir e entender as lágrimas e os desencantos.
Se sentia raiva, jogava pedras nos cupinzeiros ou açoitava com galhos de cana fístula a vegetação já sofrida das beiras de estrada, e ia subindo a serra. Mais adiante, sentava nos lajeiros e ficava de pés estendidos, absorta, sonhando com uma vida ainda idealizada e perfeita. Eram gestos e idéias de uma menina que se sentia um pouco mais aquém do universo limite. Imatura e introvertida.
Ainda sentada, fechava os olhos sentindo o sol tinir na minha pele. Apertava as pálpebras tentando afastar a luminosidade que me incomodava. Estava instalada ali no meio do nada, em pleno silêncio. Queria sentir-me como as aves e poder bater as asas, aliviar a tensão e afrouxar o pranto. Voltava-me em pensamento para imagens, cenas vividas, palavras injustas. Tudo se repetia. O nó na garganta, o enredo. Sobravam-me lágrimas no argumento. Mas naquele momento eu estava presa ao canto hipnótico dos pássaros, seu acasalamento fora do tempo. E pensava: quem era eu para voar? Ficava apenas ali sozinha, sentada nas pedreiras, eu apenas pastoreando sonhos, a cor das manhãs e os presságios das noites.
Deduzi que sempre tinha de percorrer aquele caminho e depois dele, tantos outros. Descalça, sentindo a terra entre os dedos. Não haveria tempo para sapatos. Não havia mais tempo para tristezas. Depois, bem depois, segui meu rumo. Escrevi como pude a minha história. Levava os sonhos nos ombros e a vontade de agarrar o mundo mais além. Queria olhar na mira sem medo de ser abatida mais uma vez em pleno vôo.
A caminhada solitária me fazia encontrar, no meio do mato, a calma necessária para repor as coisas em ordem na minha cabeça. Saía sozinha, mas sentia-me protegida. Estava com os pássaros e com as árvores e imaginava os mundos que ficavam mais além. A água escorrendo pelos leitos, descendo as encostas. O vento fresco passando suas mãos em meus cabelos. Assim, me punha num espaço onde só eu estava, para refletir e entender as lágrimas e os desencantos.
Se sentia raiva, jogava pedras nos cupinzeiros ou açoitava com galhos de cana fístula a vegetação já sofrida das beiras de estrada, e ia subindo a serra. Mais adiante, sentava nos lajeiros e ficava de pés estendidos, absorta, sonhando com uma vida ainda idealizada e perfeita. Eram gestos e idéias de uma menina que se sentia um pouco mais aquém do universo limite. Imatura e introvertida.
Ainda sentada, fechava os olhos sentindo o sol tinir na minha pele. Apertava as pálpebras tentando afastar a luminosidade que me incomodava. Estava instalada ali no meio do nada, em pleno silêncio. Queria sentir-me como as aves e poder bater as asas, aliviar a tensão e afrouxar o pranto. Voltava-me em pensamento para imagens, cenas vividas, palavras injustas. Tudo se repetia. O nó na garganta, o enredo. Sobravam-me lágrimas no argumento. Mas naquele momento eu estava presa ao canto hipnótico dos pássaros, seu acasalamento fora do tempo. E pensava: quem era eu para voar? Ficava apenas ali sozinha, sentada nas pedreiras, eu apenas pastoreando sonhos, a cor das manhãs e os presságios das noites.
Deduzi que sempre tinha de percorrer aquele caminho e depois dele, tantos outros. Descalça, sentindo a terra entre os dedos. Não haveria tempo para sapatos. Não havia mais tempo para tristezas. Depois, bem depois, segui meu rumo. Escrevi como pude a minha história. Levava os sonhos nos ombros e a vontade de agarrar o mundo mais além. Queria olhar na mira sem medo de ser abatida mais uma vez em pleno vôo.
Texto por Claude Bloc
Foto e formatação da imagem por Claude Bloc
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