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Henrique relembrou para nós muitas histórias daquela época que vale a pena contar. Uma delas era sobre uma “cisma” que Monsenhor Montenegro tinha com ele. Diretor do Colégio e nosso professor de Inglês e OSPB, apesar de austero, o monsenhor tinha muito carinho pelos seus alunos. Para ele, “Henry”, como assim o chamava, “pescava” nas provas de suas duas disciplinas. E tinha toda razão.
Naquela época as carteiras escolares eram para dois alunos, o que possibilitava a visualização de tudo aquilo que o colega ao lado escrevia. Henrique sentava-se na mesma carteira com um colega estudante de inglês no IBEU, cujo programa era bem mais avançado. Os dois combinaram que fariam um acordo de permitir que um pudesse “olhar” o que o outro escrevia. Nas provas de inglês Henrique copiava quase tudo que o colega escrevia, com o cuidado de cometer alguns erros de propósito, de modo a tirar uma nota um pouco inferior que à do colega. Após a prova corrigida, eram devolvidas aos alunos com a respectiva nota. Numa delas, Henrique recebeu sua prova sem nota. Foi perguntar ao monsenhor por que sua prova não estava corrigida. “É a mesma prova do seu colega do lado. Na próxima eu quero ver você colar. Vai se sentar sozinho, bem aqui na minha frente.” Disse-lhe o monsenhor, sob protestos do Henrique de que havia uma questão em branco. O desafio foi lançado. Como não havia mais nenhuma prova de inglês, a seguinte seria de OSPB. Na véspera dessa prova, Henrique preparou uma cola num pedaço de papel um tanto quanto espesso, amarrou-o com uma liga presa na parte inferior da calça, de modo que a folha de papel ficasse rente as meias do sapato. Tudo ele programou, visualizando antecipadamente todas as possibilidades. No dia da prova Henrique disse ao colega: “Ele vai me chamar para frente e eu pego o teu livro de OSPB para levar comigo. Então ele vai me mandar deixar o livro na carteira.” Foi dito e feito conforme o programado. “Deixe o livro na carteira Henry. “Está pensando que hoje você vai colar!”– Disse-lhe o monsenhor. Era o que Henrique queria. Sentou-se numa carteira estrategicamente colocada ao lado da mesa do professor. Durante a prova, a cada descuido do monsenhor, Henrique puxava pela liga e copiava alguma coisa. Mas como antecipadamente dedicara um bom tempo para preparar o seu artefato de pesca, muita coisa havia aprendido e ia respondendo sem necessidade de colar.
No dia da entrega das provas o monsenhor exclamou: “Estão vendo! Quando o Henry quer ele estuda!” A classe inteira soltou uma estrondosa gargalhada.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
6 comentários:
Carlos Eduardo,
Ri demais relembrando esta história e outras mais que Henrique nos contou naquele almoço em sua casa...
Bom demais imaginar a cara de Monsenhor reagindo às danações de seus pupilos...
Abraço a você e Magali
Uma pena eu não ter podido ir ao jantar.
Claude
Pois é Claude, o Henrique ontem se superou. Rimos tanto que saimos de alma leve. Chegamos em casa quase a meia-noite. Tem mais histórias que aos poucos irei colocando no ar, aliás na tela.
Abraços
Carlos, relembrar o passado com essa história,foi muito bom. E você contou de maneira agradável.
Abraços
Magali
Claude, sempre que estava rindo das histórias de Henrique, lembrava-me de você.
Mas quem sabe, em outra oportunidade você possa ir.
Abraços
Magali
Magali e Carlos
Só me lembrei por completo da história do jumento... (na aula de padre Davi).
Abraço aos dois
Claude
Claude, a história do jumento foi com outra turma, mas poderei contá-la.
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