Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ao Cariricaturas pela minha lembrança e da Tereza - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma cena de intenso efeito trágico se encontra bem no final do filme Blade Runner. O líder dos andróides rebeldes (Rutger Hauer) após guerreira luta com o personagem central (Harrison Ford) e depois de tê-lo salvo, sob o topo de um prédio em plena chuva diz: eu tenho visto coisas que os outros não creriam...tudo isso um momento se perderá no tempo ...como lágrima na chuva....é hora de morrer.

O que alguns amigos hoje no Cariricaturas me fizeram por esta data tornando-me bem maior que a alienação de todos ao sistema de produção econômica, merece um bolo de aniversário. Aquele que se reúne em volta e, como na última ceia, se dividem as fatias. (Se bem com os cuidados dos carboidratos).

Blade Runner não é uma metáfora como nos remetem as ficções científicas. É uma profunda crítica ao sistema de produção baseado na evolução tecnológica que amplia a produtividade transformada em lucros para os detentores do investimento. Com isso aliena tudo o mais: viramos todos unidades de produção e produtividade. Isso é o trabalho. Não é à toa que os Americanos tanto repetem esta palavra não como conflito político, crítica ou debate, apenas como obrigação: é o meu JOB e tudo se justifica, até o trabalho de um sicário.

Mas não torne apenas isso. Quando a capacidade humana de pensar, agir com suas mãos, se manifestar, ouvir, cheirar, de se friccionar no mundo, acontece, é para si um fenômeno histórico e para o geral é natural. Do seu atrito no mundo que não é máquina para sua utilidade, mas algo vivo e dinâmico qual somos todos. Aí para nós é história e, portanto, tempo. Inventamos o tempo. Criamos o tempo. E procuramos harmonizar (ou desarmonizar) no curso da natureza do planeta e do cosmo.

O que o personagem quis dizer se referia à natureza de máquina de todos nós neste sistema de produção. Como um estoque de tempo útil para o trabalho e para o acúmulo da produção do sistema. E o mais trágico de tudo, quando ele vende (ou entrega) o seu tempo para a produção sobre a forma de trabalho, ele se torna um recipiente de acúmulo de tempo a se esgotar. Quando não é mais útil se descarta, aposenta-se do eixo do sistema que é a produção e vai viver algo, a que chamam ócio compensatório, mas pode bem ser um toco de vela no lume derradeiro.

Por isso a singeleza deste dia no Cariricaturas pelos amigos que a juntos chegamos e dizemos ao contrário: temos vivido tantas coisas e tantas mais viveremos neste côvado que esta chapada forma, que acumula os tempos que inventamos, para nos irrigarmos como estas fontes que nascem e descem até o planície do vale.

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