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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O FUTURO SERÁ MOVIDO A HIDROGÊNIO

Comecemos pelo currículo do hidrogênio: mais de 90% de toda a matéria que existe no universo é só o puro; além disto, a água é composta de um misto de hidrogênio e oxigênio (H2O) e quase toda matéria orgânica tem em sua composição o dito cujo. Como fonte de energia o H é ainda mais abundante: só o Sol funde mais ou menos 600 milhões de toneladas desse gás por segundo. Mais de 90% de todos os átomos do universo são de hidrogênio. Nos últimos anos muitas pesquisas importantes foram inspiradas por este gás – desde a origem do cosmos até os elementos que compõem o átomo. E, como se não bastasse, ele ainda é usado para abastecer as naves que levam o homem ao espaço.

Poderíamos parar por aí, mas a humanidade – inconformada como é – espera ainda mais do hidrogênio. É que ele pode ser extraído da água a um custo irrisório e gerar energia. E a única substância emitida é vapor – uma coisa da qual nem o mais ferrenho dos ecologistas irá se queixar. Atualmente existem inúmeras pesquisas na área e nós já temos a tecnologia necessária para que essa revolução aconteça, embora elas ainda não sejam comercialmente viáveis. Por ano, segundo estimativas recentes, são gastos mais de 2 bilhões de dólares só com pesquisas nessa área e a comunidade européia e o governo norte-americano já anunciaram mais investimentos. Mas, alguém poderia perguntar, quais os reais motivos por trás desta gastança toda?

1 – o primeiro e mais óbvio motivo é que, um dia, o petróleo vai acabar. Há uma enorme polêmica sobre quando as reservas atuais irão se extinguir, mas sabe-se que a era do petróleo barato não irá durar mais que 50 ou 60 anos. É claro que não há um número exato do tamanho das reservas atuais, dos barris a serem consumidos nos próximos anos e das reservas que ainda podem ser descobertas – a reserva do pré-sal está para comprovar o que digo. No entanto, o que é fato é que a maior parte das fonte de petróleo remanescentes está no Golfo Pérsico e depender dos países do Oriente Médio para fornecer um insumo que hoje é responsável por quase 50% da energia consumida no mundo é uma coisa que não agrada aos países desenvolvidos.
2 – O segundo motivo é mais óbvio ainda. Mesmo que o petróleo não acabe tão cedo, há o argumento ambiental: o mundo está esquentando. O ano passado foi o segundo mais quente já registrado desde que os meteorologistas começaram as medições em 1860. Muitos cientistas atribuem esse efeito aos gases emitidos durante a queima de combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural. Segundo o IPPC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o conteúdo de CO2 hoje na atmosfera é de 35% maior do que em 1750, quando os combustíveis fósseis começaram a ser utilizados.

Diante do exposto acima, a solução é encontrar uma tecnologia que substitua com eficácia os combustíveis fósseis e, a não ser que apareça uma enorme revolução tecnológica nos próximos anos, o hidrogênio é o único capaz de resolver esses problemas de forma satisfatória. Segundo Peter Hoffman, autor do livro “Energia do Amanhã”, o futuro do hidrogênio como combustível é inevitável.

Para que ainda não se deu conta que o futuro já chegou e continua imaginando que essas coisas são ficções, uma dica de viagem: Alemanha. Para quem não lembra, em 2003 a cidade de Hamburgo inaugurou o primeiro posto de hidrogênio. Hoje a Alemanha concentra 1/3 dos postos de hidrogênio do mundo. EUA estão em 1º lugar, com quase metade dos postos de hidrogênio do mundo, seguidos pelo Japão. Desde 1998 que a idéia da criação de postos de hidrogênio existe e hoje são mais de 80 espalhados pelo planeta. Quanto a carros movidos a hidrogênio, sim, eles existem e estão entre nós. Alguns até têm ar-condicionado e computadores sofisticados. Toyota, DaimlerChrysler, General Motors, Ford e outras gigantes do setor automobilístico já apresentaram seus protótipos. Recentemente a montadora DaimlerChrysler distribuiu 100 veículos que serão testados por representantes do governo alemão, como o chanceler Gerhard Schröder. Os carros serão abastecidos pelo posto Aral de hidrogênio em Berlim, o primeiro a oferecer hidrogênio na forma líquida (LH2) e gasosa (CGH2) de modo parecido com um posto convencional de gasolina. Na semana passada, a General Motors apresentou seu primeiro modelo em que a energia do motor vem da reação eletroquímica do gás de hidrogênio. A novidade do veículo, batizado de Sequel, é que ele tem a anatomia de um carro comum, ou seja, os tanques de hidrogênio não ocupam a maior do espaço útil do veículo, como nos protótipos anteriores. O principal obstáculo para a implementação do uso do hidrogênio como combustível é o preço, tanto para a compra do carro quanto para o abastecimento do combustível. Vejamos os principais motivos deste alto custo.

Sejamos realistas. Apesar de todas essas notícias um tanto animadoras, o buraco é bem mais embaixo. Primeiro porque o hidrogênio não está disponível na natureza pronto. Ou seja, ele não é uma fonte primária de energia, como o petróleo. Apesar de ser abundante no universo, ele só é encontrado na Terra em moléculas como a água ou em diversos tipos de matéria orgânica. Quem quiser obter hidrogênio puro terá que gastar energia. O método mais barato para extraí-lo é do gás natural, que reage com vapor em temperatura e pressão altas. É assim que se produz a maior parte das milhões de toneladas de hidrogênio utilizadas hoje em processo de refino do petróleo e produção de amônia para fertilizantes. E o pior é que obtê-lo desta maneira gera gases poluentes.

A aposta do mundo no hidrogênio como o salvador das próximas gerações, portanto, depende de fontes inteiramente limpas. O método já existe: basta submeter água a uma corrente elétrica que ela separa em hidrogênio e oxigênio, seus elementos básicos, sem emitir nenhum poluente. Mas, por enquanto, apenas 6% do hidrogênio mundial é produzido dessa forma. O problema está em obter energia barata que o sistema despende a partir de fontes renováveis, como o vento, a luz solar, as marés e os rios. Enquanto isto não ocorre, os preços ficam lá em cima. É claro que, no futuro, estas energias estarão bem mais baratas e aí poderemos produzir combustível a custo quase zero. Por enquanto, quem quiser comprar um Hydrogen3, da Opel, tem que desembolsar uns 80 mil dólares. Mas, quem sabe daqui a alguns anos, quando o custo do quilowatt-hora de energia eólica estiver custando, por exemplo, 1,5 centavo de dólar, o hidrogênio gerado por energia elétrica será competitivo com a gasolina e, espera-se, o preço dos carros também será muito menor.

A despeito de todas as dificuldades para a obtenção de hidrogênio a baixo custo e de todas as outras técnicas que, neste momento, estão sendo pesquisadas para a obtenção desse gás, o hidrogênio já é considerado há muito tempo uma fonte ideal de energia. Júlio Verne foi o primeiro autor a levantar a hipótese. No romance A Ilha Misteriosa, escrito em 1874, um personagem pergunta o que substituirá o carvão (então combustível mais importante) quando as minas acabarem. O “instruído e prático” engenheiro Cyrus Hardling responde: “Água, dividida em seus elementos primitivos pela eletricidade, que até lá terá se tornado uma força manejável. O hidrogênio e o oxigênio que a constituem serão uma inesgotável fonte de luz e calor, de uma intensidade que o carvão não é capaz”. É, parece que Verne acertou mais uma previsão. Esperemos.

2 comentários:

socorro moreira disse...

Bela matéria. Parabéns, professor !

Prof. Júnior Lima disse...

Obrigado Socorro, você sempre antenada e gentil. Um grande abraço!