Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Por José Eldo Elvis



(Um amigo me enviou um texto assinado por Luís Fernando Veríssimo. Aconselho que aqueles que quiserem ler este meu e-mail, desçam primeiramente até o referido texto e só depois leiam a resposta que lhe enviei (a ele, o meu amigo). Troquei o nome dele por "Fulano" apenas porque qualquer um de nós alguma vez na vida já encaminhou o mesmo tipo de mensagem. São clichês de internet e o que interessa é que o que escrevi para ele em resposta pode sem problemas ser lido por mais gente. Por isso segue mais essa mensagem para minha rede de amigos... Super beijo em todos e todas! Elvis)


Fulano,

Adorei o texto. Muito criativo e a pessoa para escrevê-lo tem que possuir muitas informações sobre presente e passado e de áreas bem distintas, mas que de qualquer modo pertencem a nossa querida Cultura de Massa, são produtos consumidos, enfim... Mas vale para nos atentarmos que sempre o Presente é o mesmo que o Passado só que com um nome diferente. Verdadeiramente pouca coisa se cria de novo. A base é sempre a mesma.

Na noite do dia 1° de janeiro saí com dois colegas de colégo que estavam acompanhados de seus cônjuges. Minha antiga colega perguntou se a gente se lembrava do "Disparate". O assunto na hora descambou para aqueles caderninhos que as meninas organizavam com perguntas (uma pergunta por página, a começar pelo nosso nome) de todo o tipo. Perguntava-se das cores, frutas e filmes preferidos a questões mais íntimas e até obscenas. O caderno passava de mão e mão e as pessoas iam compartilhando com estranhos as suas particularidades. Na hora eu falei: "Isso é o pai do orkut, avô do twitter!".

pelo visto sempre gostamos, um pouquinho pelo menos, de compartilhar nossa vida privada com mais gente. As novas tecnologias só arranjam um jeito novo de fazermos isso.

Na época em que cursava Publicidade, a nossa professora de Marketing falava da Ditadura do Novo. Um produto não pode ficar o tempo todo do mesmo jeito de sempre. São ordens do Mercado. Por isso ele tem sempre que estampar no rótulo: Novo Rótulo ou Nova Embalagem ou Nova Fórmula ou Agora com Vitaminas A, C, D e Zinco... A Schin apropriou-se disso de forma ainda mais drástica e bombou com o Nova Schin!!! Quantas vezes o Shampoo Seda já mudou e a embalagem da Primor também? Uma das poucas mudanças que aconteceram e que foram um tremendo fracasso foi o chocolate LOLO se transformar em Milkbar. Nunca entendi a mudança e eu que era ávido consumidor de LOLO, nunca topei com o Milkbar. Parece que eu e a maioria dos consumidores, porque as vendas despencaram e acho que hoje ele nem existe mais...

Mas o bom é que eu resolvi te escrever respondendo à mensagem que você me enviou para falar de outra coisa. Outra coisa também aprendida das aulas na UFPE, no curso de Publicidade: Testemunho de Valor. Muitos produtos organizam sua campanha publicitária neste molde: Um famoso vai à público dizer que aprova tal produto. Ele não é nutricionista, nem químico, nem engenheiro mas diz que aprova tal iogurte ou tal creme dental ou seja lá o que for e por conta da força do testemunho deste famoso, o produto vende.

Na Internet acontece um fenômeno com características parecidas. Textos são escritos por anônimos, mas como são de pessoas anônimas eles parecem que não possuem força e que são bobos ou não merecem que percamos o nosso tempo em lê-los. O que fazem estes escritores anônimos então? Assinam como Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Gabriel Garcia Marques, Luís Fernando Veríssimo... Sempre são nomes de escritores bem referendados pelo senso comum. Nomes que qualquer pessoa que nunca leu nada, com certeza já ouviu falar. Então, muita gente lê o texto, fica maravilhada e empolgada e alguns chegam até a produzir camisas com frases retiradas desses textos ou colocam o texto inteiro no seu perfil do orkut.

Quando eu vou divulgar o texto de um escritor, faço da seguinte maneira: Digito (entre aspas) aquilo que encontrei de interessante e mando para as pessoas com nome do autor, livro de onde foi extraído o texto, editora, páginas e ano da publicação. Em resumo, publico as referências. Acredito ser esse o melhor selo de autenticidade para a verdadeira autoria dos escritos de internet.

Independente do texto ser ou não de Veríssimo (pode mesmo ser dele! O cara tá aí vivo, né?) é um texto bom de ser lido e que nos coloca a refletir sobre o nosso tempo, que é sempre a melhor coisa que um texto pode nos proporcionar, seja de quem for, famoso ou não.

José Eldo Elvis


E tudo mudou...


O rouge virou blush

O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair,
alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM

Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo

O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita ?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida

A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas
diferenças

Luis Fernando Veríssimo


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