Não lembro quem e se realmente a fonte de seu descontentamento era a Propaganda da Petrobrás cantando o hino nacional e falando de bandeirinhas. A pessoa falava da questão do amor à pátria e lá pelas tantas desancou um discurso sobre as estatais, o uso político delas e, claro, aliviado, defendeu as privatizações dos anos 90. Tomei aquele trecho como o renitente discurso do liberalismo econômico, só que agora tratado como neo, pois não é mais vinculado ao capital produtivo, mas ao financeiro.
A verdade é que com toda esta lambança mundial das economias centrais, muito por desregulamentação - a outra perna das privatizações - pôs em xeque o discurso liberal. Mas ele continua vigoroso, inclusive agora com a fase da crise, a Européia, com ataques ao funcionalismo público, às aposentadorias e todas as políticas de “Seguridade Social”, tão caras à Europa.
No Brasil o discurso neoliberal não está nesta campanha. Melhor explicando, não nos candidatos e seus discursos (tenho a íntegra dos discursos dos dois principais), mas está na Rede Globo de Televisão, na Veja, Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. E, claro, como a pessoa lá do início, repercutida na rede social da internet e nos blogs.
Um tripé desta visão de mundo: os impostos, a eficiência privada e a autonomia da mídia em tornar instituição o que é apenas visão de mundo de uma parcela da sociedade. A melhor aquinhoada e a classe média tradicional que se encantou com as promessas frustrantes do mercado.
Atacar impostos, como faz, por exemplo, o último filme de Ridley Scott, Robin Hood. Empresas paulistas criaram o impostômetro, as televisões transformam um simples painel em frontispício da notícia nacional e a canalhice (procure a raiz da palavra canalha e a tome por pessoa malvada) nacional repete sem saber bem a razão exata.
Acontece que o sentido ontológico de se achar ruim o imposto é para que sobre mais recurso no bolso de cada um. Ou seja, que a renda de todos aumente. Mas não existe isso na parte de quem manipula o impostômetro: não gostam de pagar salários, têm horror a direitos trabalhistas que significam mais renda para o trabalhador, para esta gente cujo lucro é sagrado, pagar salário pelo trabalho é despesa, ou seja, custo.
Quando um sindicato ao invés de receber um aumento maior para o trabalhador, concede em receber um Plano de Saúde, por exemplo, está fazendo exatamente o que o pessoal do impostômetro ontologicamente condenaria. O pagamento do plano é imposto com o nome de mensalidade e este dinheiro não entra no bolso do trabalhador. Quando alguém compra uma assinatura seja de jornal, de revista semanal, de televisão a cabo, está simplesmente pagando um imposto mensal para se informar sobre o impostômetro. Aliás, tal despesa não está no impostômetro.
O sagrado é o que eles ganham. Pois os liberais brasileiros não têm horror ao Estado, têm horror às regulamentações públicas, à cadeia que prende delinqüentes que monopolizam a vida econômica. Quando vêm com aquele papo das privatizações para o lado da educação e da saúde, apenas querem ter o monopólio dos fundos estatais para fazerem negócios. Um funcionalismo pago, regulamentado, com uma renda determinada por lei, não interessa a este liberal do venha vós ao meu reino e ao vosso reino nada.
Só um dado de hoje. A eficiência privada, numa universidade aqui no Rio. Quando passava a pé pela rua em frente ao complexo educacional, existiam entre 340 e 380 automóveis estacionados. Acontece que o valor maior em economia nesta civilização é a energia, a maior parte não renovável e poluidora da atmosfera. Então se cada um destes automóveis, que leva um único aluno, consumir 3 litros de combustível em média (acho muito pouco as distâncias no Rio são imensas), teríamos a queima diária de 1.020 litros de combustível, ou seja, 5.100 por semana e 20400 por mês. A conta é maior por que não computei os automóveis que vão e vêm com os pais e motoristas particulares soltarem e recolherem os rebentos na porta da universidade.
Então se vamos discutir imposto e eficiência privada (ou estatal) paremos de discutir só a raiva dos mais ricos. Vamos discutir a renda dos mais pobres (salários, aposentadorias, etc.) e, claro, a racionalidade geral de uma sociedade que gasta o que lhe é essencial, como energia, e não dar conta do enorme desperdício como a falta de uma política de transporte coletivo e a regulamentação do trânsito de veículos particulares.
A verdade é que com toda esta lambança mundial das economias centrais, muito por desregulamentação - a outra perna das privatizações - pôs em xeque o discurso liberal. Mas ele continua vigoroso, inclusive agora com a fase da crise, a Européia, com ataques ao funcionalismo público, às aposentadorias e todas as políticas de “Seguridade Social”, tão caras à Europa.
No Brasil o discurso neoliberal não está nesta campanha. Melhor explicando, não nos candidatos e seus discursos (tenho a íntegra dos discursos dos dois principais), mas está na Rede Globo de Televisão, na Veja, Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. E, claro, como a pessoa lá do início, repercutida na rede social da internet e nos blogs.
Um tripé desta visão de mundo: os impostos, a eficiência privada e a autonomia da mídia em tornar instituição o que é apenas visão de mundo de uma parcela da sociedade. A melhor aquinhoada e a classe média tradicional que se encantou com as promessas frustrantes do mercado.
Atacar impostos, como faz, por exemplo, o último filme de Ridley Scott, Robin Hood. Empresas paulistas criaram o impostômetro, as televisões transformam um simples painel em frontispício da notícia nacional e a canalhice (procure a raiz da palavra canalha e a tome por pessoa malvada) nacional repete sem saber bem a razão exata.
Acontece que o sentido ontológico de se achar ruim o imposto é para que sobre mais recurso no bolso de cada um. Ou seja, que a renda de todos aumente. Mas não existe isso na parte de quem manipula o impostômetro: não gostam de pagar salários, têm horror a direitos trabalhistas que significam mais renda para o trabalhador, para esta gente cujo lucro é sagrado, pagar salário pelo trabalho é despesa, ou seja, custo.
Quando um sindicato ao invés de receber um aumento maior para o trabalhador, concede em receber um Plano de Saúde, por exemplo, está fazendo exatamente o que o pessoal do impostômetro ontologicamente condenaria. O pagamento do plano é imposto com o nome de mensalidade e este dinheiro não entra no bolso do trabalhador. Quando alguém compra uma assinatura seja de jornal, de revista semanal, de televisão a cabo, está simplesmente pagando um imposto mensal para se informar sobre o impostômetro. Aliás, tal despesa não está no impostômetro.
O sagrado é o que eles ganham. Pois os liberais brasileiros não têm horror ao Estado, têm horror às regulamentações públicas, à cadeia que prende delinqüentes que monopolizam a vida econômica. Quando vêm com aquele papo das privatizações para o lado da educação e da saúde, apenas querem ter o monopólio dos fundos estatais para fazerem negócios. Um funcionalismo pago, regulamentado, com uma renda determinada por lei, não interessa a este liberal do venha vós ao meu reino e ao vosso reino nada.
Só um dado de hoje. A eficiência privada, numa universidade aqui no Rio. Quando passava a pé pela rua em frente ao complexo educacional, existiam entre 340 e 380 automóveis estacionados. Acontece que o valor maior em economia nesta civilização é a energia, a maior parte não renovável e poluidora da atmosfera. Então se cada um destes automóveis, que leva um único aluno, consumir 3 litros de combustível em média (acho muito pouco as distâncias no Rio são imensas), teríamos a queima diária de 1.020 litros de combustível, ou seja, 5.100 por semana e 20400 por mês. A conta é maior por que não computei os automóveis que vão e vêm com os pais e motoristas particulares soltarem e recolherem os rebentos na porta da universidade.
Então se vamos discutir imposto e eficiência privada (ou estatal) paremos de discutir só a raiva dos mais ricos. Vamos discutir a renda dos mais pobres (salários, aposentadorias, etc.) e, claro, a racionalidade geral de uma sociedade que gasta o que lhe é essencial, como energia, e não dar conta do enorme desperdício como a falta de uma política de transporte coletivo e a regulamentação do trânsito de veículos particulares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário