Sou guardião do meu nariz.
Por sinal, um nariz leptorrino.
Digno dos senhores de engenho.
Tenho as mãos compridas
e os dedos ossudos.
Quando abro a direita
um navio pirata
desfralda-se na palma.
Na esquerda
vejo uma montanha difusa
perdida entre nuvens.
De todas as mentiras
ainda reina uma nódoa branca
na única unha que não cresce.
Meu pecado mortal.
A porta do desconhecido
sempre aberta.
Meu nariz leptorrino
está mais para mulato.
Um mulato barroco.
Dúbio.
Mas permaneço guardião
das duas cavernas escuras.
Às vezes mexo nelas
e tiro sangue
da noite passada.
Um comentário:
Quando eu dominar a quiromancia , vou aprender a ler as mãos dos poetas.
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