FRANCISCO de Moraes ALVES constituiu a maior e mais impressionante discografia da música popular brasileira em 78 rpm : 983 grav. Foi uma carreira que tomou impulso e só deixou de produzir sucessos quando o destino , na Via Dutra , surpreendeu-o , e a todo Brasil , num acidente rodoviário.
O compositor Francisco Alves deixou igualmente uma obra expressiva , que por si só lhe daria destaque no rol glorioso dos autores brasileiros. As melodias que fez para parceiros , notória e exclusivamente letristas , são mais uma prova de sua capacidade.
A inscrição ou não de parceiro no selo de um disco condizia com a divisão que se podia fazer dos direitos autorais , ainda pobres : papel ,disco ou teatro.Há dezenas de casos , ate princípios dos anos 30 , de parceiros não citados nos discos , principalmente letristas , que um entendimento mais restritivo nem considerava compositor musical.
Em carta de 15.10.1931 , enviada de Buenos Aires , onde se apresentava com Carmen Miranda e Mario Reis , Francisco Alves comunicava a Ismael Silva , seu amigo , parceiro e secretário , que "por enquanto nao tive tempo nem sequer de fazer um coro para um samba."
Ora , não fosse Francisco Alves compositor , não se abalaria , numa carta particular , a apresentar a Ismael Silva uma justificativa como essa : não estava compondo nem um coro (estribilho) para o parceiro completar no Rio de Janeiro , quando voltasse.Por conseguinte , na sua parceria com Ismael , depreende-se que costumava ir além dos coros , se bem que só com eles já pudesse ser acreditado como co-autor.Além disso , contou-me Almirante , Chico Alves fazia introduções , modificava melodias e versos , oferecia ideias , respaldado na sua autoridade de Rei da Voz , com experiência e bom-gosto musicais , com a vantagem de ainda tocar bem violão , o que sempre facilita no momento de compor.Era letrista banal , mas melodista inspirado.
No início de sua carreira , apenas para resguardar seus interesses comerciais , fez o que era usual : comprou , e pagou corretamente , alguns sambas e aceitou parcerias. É preciso atentar que muitos autores preferiam um ganho antecipado e fixo a esperar por uma venda duvidosa e quem podia atendê-los se resguardava de todas as formas .De todo modo , foi coisa de pouco peso na sua musicografia de quase 150 composições. Se isso deve ser considerado um pecado mortal , então a música popular brasileira não terá jamais um santo em seu altar.
Francisco de Moraes Alves nasceu (19/08/1898) na cidade do Rio de Janeiro e teve a infância livre e feliz dos meninos cariocas do princípio do século , jogando futebol com bola de meia , gazeteando aulas e engraxando sapatos . Morou na Saúde , Estácio de Sá e Vila Isabel . Era filho de portugueses . O pai tinha um botequim .
Da irmã Nair ganhou uma guitarra e as primeiras lições . Tocava muito bem violão . Na Parlophon , gravaria muitos discos com o pseudônimo de Chico Viola . Desde cedo foi atraído pela música . Na disputa entre as grandes sociedades carnavalescas , torcia com ardor pelo "Democráticos" . Já adolescente ia vibrar , nos teatros Carlos Gomes e Recreio , com os grandes nomes da canção brasileira . Vicente Celestino era o seu ídolo .
Era profissional ao extemo . Cuidava do repertório , descobria novos compositores e , mesmo assim , auxiliava intérpretes iniciantes . Nos estúdios era exigente com os músicos e gostava de selecionar e ensaiar pessoalmente os componentes dos coros . Coros , aliás , eram uma de suas paixões , como automóveis e cavalos de corrida , como proprietário .
Desde muito cedo , adquiriu notável ascenedência no meio musical . Era , antes dos 30 anos de idade , o Velho Chico , um reconhecido líder natural . Tinha a personalidade sólida e simples do homem vindo do povo . Não bebia nunca , fumava , tinha o sestro de cuspir em seco . Agitado , nervoso , muito franco , podia interromper de repente uma conversa aborrecida e deixar falando sozinho o interlocutor . Não tolerava os "mordedores" (pedinchões de dinheiro emprestado) que encarregariam de difundir sua suposta sovinice . A verdade é que nunca deixou de socorrer pessoas necessitadas e obras sociais .
Francisco Alves lançou , a partir de 1927 , ano após ano , uma interminável e impressionante sequência de músicas e êxitos . O que gravasse era sucesso seguro .
Essa é a sua dimensão na história da música brasileira e a medida real da carreira de qualquer artista . Um repertório já consagrado pode muito bem ajudar a manter o prestígio , mas sustentar a popularidade no alto só é mesmo possível com novas músicas . Francisco Alves sempre soube conservar seu reinado à luz da popularidade porque criava novos e seguidos sucessos .
O compositor Francisco Alves deixou igualmente uma obra expressiva , que por si só lhe daria destaque no rol glorioso dos autores brasileiros. As melodias que fez para parceiros , notória e exclusivamente letristas , são mais uma prova de sua capacidade.
A inscrição ou não de parceiro no selo de um disco condizia com a divisão que se podia fazer dos direitos autorais , ainda pobres : papel ,disco ou teatro.Há dezenas de casos , ate princípios dos anos 30 , de parceiros não citados nos discos , principalmente letristas , que um entendimento mais restritivo nem considerava compositor musical.
Em carta de 15.10.1931 , enviada de Buenos Aires , onde se apresentava com Carmen Miranda e Mario Reis , Francisco Alves comunicava a Ismael Silva , seu amigo , parceiro e secretário , que "por enquanto nao tive tempo nem sequer de fazer um coro para um samba."
Ora , não fosse Francisco Alves compositor , não se abalaria , numa carta particular , a apresentar a Ismael Silva uma justificativa como essa : não estava compondo nem um coro (estribilho) para o parceiro completar no Rio de Janeiro , quando voltasse.Por conseguinte , na sua parceria com Ismael , depreende-se que costumava ir além dos coros , se bem que só com eles já pudesse ser acreditado como co-autor.Além disso , contou-me Almirante , Chico Alves fazia introduções , modificava melodias e versos , oferecia ideias , respaldado na sua autoridade de Rei da Voz , com experiência e bom-gosto musicais , com a vantagem de ainda tocar bem violão , o que sempre facilita no momento de compor.Era letrista banal , mas melodista inspirado.
No início de sua carreira , apenas para resguardar seus interesses comerciais , fez o que era usual : comprou , e pagou corretamente , alguns sambas e aceitou parcerias. É preciso atentar que muitos autores preferiam um ganho antecipado e fixo a esperar por uma venda duvidosa e quem podia atendê-los se resguardava de todas as formas .De todo modo , foi coisa de pouco peso na sua musicografia de quase 150 composições. Se isso deve ser considerado um pecado mortal , então a música popular brasileira não terá jamais um santo em seu altar.
Francisco de Moraes Alves nasceu (19/08/1898) na cidade do Rio de Janeiro e teve a infância livre e feliz dos meninos cariocas do princípio do século , jogando futebol com bola de meia , gazeteando aulas e engraxando sapatos . Morou na Saúde , Estácio de Sá e Vila Isabel . Era filho de portugueses . O pai tinha um botequim .
Da irmã Nair ganhou uma guitarra e as primeiras lições . Tocava muito bem violão . Na Parlophon , gravaria muitos discos com o pseudônimo de Chico Viola . Desde cedo foi atraído pela música . Na disputa entre as grandes sociedades carnavalescas , torcia com ardor pelo "Democráticos" . Já adolescente ia vibrar , nos teatros Carlos Gomes e Recreio , com os grandes nomes da canção brasileira . Vicente Celestino era o seu ídolo .
Era profissional ao extemo . Cuidava do repertório , descobria novos compositores e , mesmo assim , auxiliava intérpretes iniciantes . Nos estúdios era exigente com os músicos e gostava de selecionar e ensaiar pessoalmente os componentes dos coros . Coros , aliás , eram uma de suas paixões , como automóveis e cavalos de corrida , como proprietário .
Desde muito cedo , adquiriu notável ascenedência no meio musical . Era , antes dos 30 anos de idade , o Velho Chico , um reconhecido líder natural . Tinha a personalidade sólida e simples do homem vindo do povo . Não bebia nunca , fumava , tinha o sestro de cuspir em seco . Agitado , nervoso , muito franco , podia interromper de repente uma conversa aborrecida e deixar falando sozinho o interlocutor . Não tolerava os "mordedores" (pedinchões de dinheiro emprestado) que encarregariam de difundir sua suposta sovinice . A verdade é que nunca deixou de socorrer pessoas necessitadas e obras sociais .
Francisco Alves lançou , a partir de 1927 , ano após ano , uma interminável e impressionante sequência de músicas e êxitos . O que gravasse era sucesso seguro .
Essa é a sua dimensão na história da música brasileira e a medida real da carreira de qualquer artista . Um repertório já consagrado pode muito bem ajudar a manter o prestígio , mas sustentar a popularidade no alto só é mesmo possível com novas músicas . Francisco Alves sempre soube conservar seu reinado à luz da popularidade porque criava novos e seguidos sucessos .
Abel Cardoso Júnior
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