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Primeiro foi ele, meu avô, Georges Bloc. Caráter forte. Personalidade marcante e inesquecível. Lembro muito dele, embora o tenha perdido aos 7 anos. Lembro-me verdadeira e intensamente do seu carinho afetuoso e efusivo. Comigo era sempre de uma doçura imensa. Paciente, me deixava comandar o "trem" lá na Serra Verde. Cadeiras enfileiradas pela sala conduziam minha imaginação já tão "viajeira". Por vezes eu era o/a condutor/a, por vezes estava ele no comando dessa viagem que só os sonhos conseguem vislumbrar. Deixou, porém, uma saudade inexplicável para uma menina tímida e afetiva, numa idade tão precoce.
Meu tio Francis Bloc era meu padrinho. Embora irmão gêmeo de meu pai, tinha um caráter mais pacato e diplomático. Era ele que fumava cachimbo e não papai, mas ainda hoje há pessoas que o confundem com Hubert Bloc, meu pai. Era suave, amoroso, sorridente. Acolhia a todos com imensa alegria e fazia questão de receber com o melhor. Nunca teve filhas, mas filhos... e isso de todas as formas me fazia mais próxima dele, pois me considerava a filha que não teve. Nos amávamos assim harmonicamente. Sua paciente forma de me apoiar pela vida afora sempre trouxe apertado esse laço paterno-filial que mantínhamos, ternamente abastecido de alegria e bom humor.
Meu pai. Lembrar-me dele sempre me emociona até a medula. Depois da Segunda Grande Guerra, migrou para o Brasil e irradiou seu enérgico caráter pelos sertões do Ceará. Administrou a Serra Verde em tempos árduos e em tempos mais venturosos. Logo cedo aprendi o que era déficit e superávit, embora não compreendesse a extensão concreta disso tudo, nesse parâmetro dos conceitos matemáticos. Adorava estar com papai no escritório da fazenda e fingir que fazia balanços e documentos na velha máquina de escrever Olivetti.
Enfim, o que quero fazer aqui é um tributo a esses homens que tiveram em mim uma filha amorosa e dedicada.
Texto e fotos de Claude Bloc (voltando de Teresina)
Fui a primeira filha, a primeira neta, a primeira sobrinha... Isso me fez sentir o amor imenso que me dedicaram esses pais e parentes preenchendo meu universo de tanto conforto e felicidade. Também eu, fiz tudo para deixá-los felizes, enquanto Deus os quis acolher aqui na Terra. Avô, pai, tio, tive muitos amores em cuja sombra me abriguei e por quem vivo, ainda hoje, carregando pelo tempo este amor filial exacerbado. Talvez, também por isso, eu tenha sentido na pele essa multiplicidade paterna, que se estendeu muito além das fronteiras sanguíneas.
Meu tio Francis Bloc era meu padrinho. Embora irmão gêmeo de meu pai, tinha um caráter mais pacato e diplomático. Era ele que fumava cachimbo e não papai, mas ainda hoje há pessoas que o confundem com Hubert Bloc, meu pai. Era suave, amoroso, sorridente. Acolhia a todos com imensa alegria e fazia questão de receber com o melhor. Nunca teve filhas, mas filhos... e isso de todas as formas me fazia mais próxima dele, pois me considerava a filha que não teve. Nos amávamos assim harmonicamente. Sua paciente forma de me apoiar pela vida afora sempre trouxe apertado esse laço paterno-filial que mantínhamos, ternamente abastecido de alegria e bom humor.
Meu pai. Lembrar-me dele sempre me emociona até a medula. Depois da Segunda Grande Guerra, migrou para o Brasil e irradiou seu enérgico caráter pelos sertões do Ceará. Administrou a Serra Verde em tempos árduos e em tempos mais venturosos. Logo cedo aprendi o que era déficit e superávit, embora não compreendesse a extensão concreta disso tudo, nesse parâmetro dos conceitos matemáticos. Adorava estar com papai no escritório da fazenda e fingir que fazia balanços e documentos na velha máquina de escrever Olivetti.
Papai me conduzia aonde ia. A cavalo pela fazenda, no Jipe até o Crato, onde ele tentava me dar algum verniz de civilização. Sim, porque eu era um "bichinho do mato". Tínhamos uma relação pacífica e amorosa. Quando estava chateado ou queria me dar bronca, escrevia-me e, para não me magoar, desenhava algumas imagens; talvez inconscientemente quisesse suavizar minha pena. Raramente me escrevia em Francês. Tinha uma boa dinâmica e muita fluência quanto ao Português escrito. Aprendeu no Rotary a ser veemente sem, porém, ser taxativo ou arbitrário.
Sua sensibilidade e sua força de trabalho eram uma marca que todos conheciam. Vaidoso, nunca vestia uma calça que não combinasse com a camisa. Era muito amigo dos amigos, brincalhão e afetuoso. Era um pai exemplar.
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O tempo o consumiu como consome a todos. Mas o amo tão intensamente que não consigo ver seus erros como falhas, mas como vivências e experiências. Coisas que se tem que provar para saber que gosto tem. Penso na sua juventude ceifada pela Guerra (que lhe deixou marcas no corpo e na alma) Conheceu bem cedo o medo da morte e sua persistência o salvou de sucumbir ao dasânimo que aplacava consumindo-se no cigarro.
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Para finalizar, preciso citar um pai que nunca esqueci. Este me era emprestato, pois sua prole já era bem numerosa: Seu Pedro Libório! Além de sério e zeloso para com sua família, tinha-me um carinho especial. Era um guerreiro, um homem de muito caráter. Me chamava "miss France" e, assim, demonstrava seu carinhoso e simbiótico modo de ser pai extra-sanguíneo. Será sempre lembrado e sua lembrança guardada num desses cofres de afeto que preservo em meu coração.
.Enfim, o que quero fazer aqui é um tributo a esses homens que tiveram em mim uma filha amorosa e dedicada.
A esses homens - a eles - e a todos os pais que se irmanam no dia de hoje, meu amor eterno e minha gratidão sem fim.
Texto e fotos de Claude Bloc (voltando de Teresina)
4 comentários:
Linda, linda, narrativa de vida !
Beijo !
Minha querida Claude,
Sinto-me previlegiada em ter convivido com esses gêmios maravilhosos.
Beijos
Chere loitaine cousine - Claude,
J'ai decouvert ce post par internet et je suis tres touchee. Mon arriere arriere grand mere, etait Rosalie (mere de Robert Bloch, pere de Ginette Levy, ma chere grand mere decede en Mai 2010). Rosalie Bloc etait la seur de Leon (fils d'Issac et Caroline Bloc), pere de Georges, pere d'Hubert, que d'apres ce que je comprend etait votre pere.
En 1996 j'avais pris quelques notes de ma grand mere qui decrivait que Hubert et Francis etait les plus beau jumeaus de Paris. A 10 ans ils on gagne un concours de photographie que leur mere Huguette decouvra plus tard. Il parait qu'Hubert alla au Brazil pour planter du Caffe.
Ma seur ainee, Sabine Mazal est mariee avec un Brazilien et habites Israel comme moi. J'aurai le plaisir de faire connaisance avec votre famille un jour.
Vous pouvez aussi me contacter sur email a judith27k [at} gmail.com
Bon Weekend,
Judith
Prezada Claude,
Acabei de receber um e-mail de minha cunhada me relatando sobre seu blog.
Ela a encontrou no site Geni. Muito provavelmente Leon, o pai de seu avo George era irmao de Rosalie que por sua vez era a bisavo de minha sogra. Interessante ver que eu descendente de cearenses cheguei a me casar com uma descendente de sua familia que veio parar no Ceara. Quantas voltas este mundo da, nao? Conheci Ginette, prima em segundo grau de seu pai Hubert e avo de minha esposa.
Gostei demais de ver seu post e espero estar em contato no futuro.
A narrativa que voce fez eh linda!!!!
Grande abraco.
Yehoshua Maor
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