guardo bem a sua imagem
na entrada da fazenda
com sua fragilidade
mostrando a simplicidade
quando em tempo de moagem
uma estrada de rodagem
por onde tudo passava
acabava o teu sossego
ainda tenho na lembraça
teu retrato, tua imagem
sua madeira lavrada
pelo sol tão ressequida
sem trato, já encardida
e o mourão de aroeira
que se cobria de poeira
a cada carro que passava
o sol forte, inclemente
tratou de lhe envelhecer
mas, quem passou ao teu lado
nunca vai te esquecer
ainda guarda certamente
num canto do coração
a exata dimensão
do que fostes no passado
hoje vives desprezada
num tronco velho encostada
mas, ainda sois capaz
de revirar a saudade
sacudir minha lembrança
remoendo a minha dor
ao lembrar dos que passaram
e por ti nunca voltaram
Marcos Barreto de Melo
Um comentário:
Marcos,
Tua "Porteira da Saudade" é tão real, que parecem coisas acontecidas ontem (e me traz a viva lembrança, dos meus tempos de criança, de uma cancela que existia perto da casa de minha avó, que separava o pastagem do terreiro em frente a casa, e anunciava a chegada das pessoas com o seu rangido). Este parêntesis é só para corroborar o meu comentário sobre a "Moagem" no qual disse que quando tu "cantas tua aldeia" se faz universal. Parabens, aguardo mais trabalhos teus aqui. Tu que no ganha pão do dia a dia trabalhas com o concreto; levas o concreto para a teus textos e poemas, tal as verdades neles contidas.
Abraços.
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