Quem lembra o tempo em que, praticamente, o único divertimento eram as sessões de cinema?Todo mundo era cinéfilo, sem nenhuma consciência! A gente assistia a matine, a vesperal, a sessão das 4h, e ainda cochilava, na sessão das 20 h. Antonioni era censurado para crianças...hei,hei! Era só para quem tinha 18 anos, e olhe lá! Existia uma censura da Diocese, pregada no mural do Café Itaytera, que barrava a nossa entrada. As meninas do meu tempo só conheciam B.Bardot, Virna, Ava, Monroe, na revista "Cinelândia", que nossos pais assinavam.Eu lia todas! Sabia aos 4 anos, o nome de todos os maridos da Liz Taylor...Achava estranho,achava bárbaro! Ela não cumpria o castigo de ser infeliz , a vida inteira!
Depois, quando cresci, senti uma pena...! O sonho do amor para sempre, também foi por nós absorvido, nos livros de M.Delly.Estava gerado o conflito! Não sei como o povo da minha geração escolheu...Tomara que tenham sido felizes!
Mas, enquanto não assistíamos Antonioni, víamos muita coisa bonita, na telinha:O mágico de Oz, Melodia Imortal, Música e Lágrima, Sissi, Zorro, Tarzan, Sapatinho de cristal,O pequeno Polegar,A Noviça Rebelde,Quando Setembro Vier, Aldilá, As aventuras do Gordo e o Magro,Chaplin,Marcelino Pão e vinho,Marisol( mil vezes Marisol!) , os filmes épicos, os bíblicos, e os musicais...ah, os musicais! Inesquecíveis! As vezes vou em "Walter" , catar o que passou na minha infância, e não assisti por pouca idade. E foi assim, que a gente reencontrou Antonioni, Bergman,Bertolucci,Visconti,Scola,DeSica,Glauber Rocha, ,Fellini,Hichcock,Woody Allen,Pasolini,Truffaut,Godard,Vadim,Coppola,etc,etc . Claro que não preciso falar em Cecil B.de Mille, nem Walt Disney!
Se a gente tiver paciência, todos os segredos e mistérios, nos são revelados...Menos o da vida e da morte!Nem precisa ser famoso...Basta ter sido o fruto sadio de uma árvore; ter encontrado a própria essência, ter sido feliz!
Eu ando ultimamente, mas do que em toda vida, insaciável! É que já passei da meia idade, e a terceira me acena, na curva do caminho.Como aposto na paisagem depois da curva, corro,corro,corro, e peço socorro, no mato sem cachorro!
por Socorro Moreira
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