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(Márcio Cotrim)
Seu antepassado mais remoto foi descoberto em 1930 nas ruínas da cidade de Pompéia, arrasada ao pé do Vesúvio em 79 d.C. Arqueólogos encontraram um quadrado com cinco letras de cada lado, no qual as mesmas palavras apareciam nos sentidos horizontal e vertical. Hoje, palavras cruzadas são um dos mais populares passatempos do mundo, diversão para milhões de pessoas que não têm coisa melhor para fazer. No Brasil, são vendidas, por mês, mais de três milhões de revistas do gênero. Uma curiosidade: no Canadá, onde o inglês e o francês são idiomas oficiais, resolver palavras cruzadas dá trabalho em dobro, já que muitos jogos são bilíngües: as definições em francês referem-seàs respostas horizontais, que devem ser escritas em inglês, enquanto as definições em inglês orientam as respostas verticais, mas em francês, já imaginou que confusão?!
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2000 é um ano com 366 dias. O último ano bissexto foi 1996. O astrônomo Alexandre Cherman, da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, explica a origem do termo bissexto: "Na época em que Júlio César encomendou a reforma do calendário ao astrônomo grego Sosígenes (45 a.C.), os meses eram divididos em três partes: calendas, nonas e idos. O primeiro dia de um mês era chamado "kalendae" (que deu origem ao termo calendário), e os demais eram contados de trás para a frente, num curioso e intrincado sistema. O dia 2 de janeiro, por exemplo, era "antediem IV nonas januarii". Ao decidir incorporar um dia ao mês de fevereiro, Júlio César não criou um novo dia (assim como foi criado o dia 29 de fevereiro), mas preferiu repetir um dia já existente (algo como 28 de fevereiro e 28 de fevereiro novamente). Esse dia repetido, em latim, chamava-se "bis VI antediem calendas martil" ou, simplesmente, "bissextum".
ORIGEM DE "MULA-MANCA"2000 é um ano com 366 dias. O último ano bissexto foi 1996. O astrônomo Alexandre Cherman, da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, explica a origem do termo bissexto: "Na época em que Júlio César encomendou a reforma do calendário ao astrônomo grego Sosígenes (45 a.C.), os meses eram divididos em três partes: calendas, nonas e idos. O primeiro dia de um mês era chamado "kalendae" (que deu origem ao termo calendário), e os demais eram contados de trás para a frente, num curioso e intrincado sistema. O dia 2 de janeiro, por exemplo, era "antediem IV nonas januarii". Ao decidir incorporar um dia ao mês de fevereiro, Júlio César não criou um novo dia (assim como foi criado o dia 29 de fevereiro), mas preferiu repetir um dia já existente (algo como 28 de fevereiro e 28 de fevereiro novamente). Esse dia repetido, em latim, chamava-se "bis VI antediem calendas martil" ou, simplesmente, "bissextum".
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(Márcio Cotrim)
Sabe aquele tipo de blusa ou top feminino popularmente conhecido como mula-manca? Aquele que deixa nu um dos ombros da mulher e, num corte diagonal, destaca transversalmente a linha dos seios? Pois fique sabendo que a origem da expressão vem de Roma, onde as mulheres mais abonadas, as patrícias, usavam e abusavam do traje sensual chamado nulla manga, sem manga, que virou essa divertida mula-manca entre nós - provavelmente porque lembra o animal que, doente, claudica no caminhar. O sofrido muar, aliás, inspirou gostosa marchinha de Carnaval que dizia assim: "Que me importa / que a mula manque / eu quero é rosetar!..."
ORIGEM DE RECORD/RECORDE
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O "NÚMERO RECORDE"
Thaís Nicoleti de Camargo
A leitura dos jornais freqüentemente dá ensejo a comentários sobre o uso das estruturas gramaticais. Numa linguagem que se aproxima da fala, mas que procura manter o padrão culto da língua, tudo pode acontecer.
Tomemos um exemplo, extraído de uma publicação de São Paulo: "A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo começou bem o ano de 2005. Atingiu o número recorde de assinaturas em relação ao ano passado".
Em que reside a estranheza do trecho? Ora, o "número recorde" é o maior número já atingido até o momento. Que quer dizer, então, o redator com "número recorde (...) em relação ao ano passado"? Ou o número é superior ao do ano anterior (estabelece-se, assim, uma relação entre os números de dois anos subseqüentes), ou o número é recorde e, portanto, supera o de todos os anos anteriores, não apenas o do ano imediatamente anterior.
Temos, assim, duas possibilidades de redigir esse texto: "A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo começou bem o ano de 2005. Atingiu número recorde de assinaturas" ou "A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo começou bem o ano de 2005. Atingiu número de assinaturas superior ao do ano passado". A construção mais adequada será a que contiver a informação correta, coisa que, apenas com a leitura desse fragmento, não temos como saber.
Curiosamente, na mesma página da publicação, lemos outro fragmento em que se emprega o termo "recorde". Observe a diferença: "O Metrô de São Paulo fechou as contas de 2004 registrando R$ 40 milhões em receita 'não-tarifária' --que não vem da bilheteria, como publicidade e aluguel de espaços promocionais. O valor é recorde e representa 5% do total da arrecadação da empresa". Agora a palavra foi corretamente empregada, ou seja, o valor foi o maior já registrado.
Não é demais relembrar a correta pronúncia desse termo. Embora comumente pronunciada como proparoxítona ("récorde"), a palavra é uma paroxítona, isto é, a sua sílaba tônica (mais forte) é "-cor-". E a oscilação de pronúncia não pára por aí. Basta lembrar o nome de conhecida emissora de TV de São Paulo: a TV Record (lê-se "recór"), cuja pronúncia é francesa.
Na verdade, a palavra tem origem latina (do mesmo radical de "recordar", "concordar", "cordial", "cardíaco" etc.) e é pelo francês que chega ao inglês para, finalmente, desembocar no português. "Cor" (lê-se "cór"), em latim, quer dizer "coração". Daí "concordar" significar "pôr os corações juntos" e "discordar" significar "separar os corações". Um abraço "cordial" é um abraço "de coração", uma parada "cardíaca" é uma parada "do coração". Saber uma lição "de cor" é sabê-la de memória. Por quê? Porque se acreditava, no passado, que a memória residisse no coração. E que tem isso tudo que ver com "recorde"? "Recorde" é a melhor marca atingida por um atleta em uma atividade esportiva; é, portanto, uma marca "memorável" ou inesquecível. Daí "recorde". Como se vê, o sentido da palavra ampliou-se figurativamente. Seu emprego tem claro valor enfático.
[Folha de S. Paulo, 7 jan. 2005.]
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O "NÚMERO RECORDE"
Thaís Nicoleti de Camargo
A leitura dos jornais freqüentemente dá ensejo a comentários sobre o uso das estruturas gramaticais. Numa linguagem que se aproxima da fala, mas que procura manter o padrão culto da língua, tudo pode acontecer.
Tomemos um exemplo, extraído de uma publicação de São Paulo: "A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo começou bem o ano de 2005. Atingiu o número recorde de assinaturas em relação ao ano passado".
Em que reside a estranheza do trecho? Ora, o "número recorde" é o maior número já atingido até o momento. Que quer dizer, então, o redator com "número recorde (...) em relação ao ano passado"? Ou o número é superior ao do ano anterior (estabelece-se, assim, uma relação entre os números de dois anos subseqüentes), ou o número é recorde e, portanto, supera o de todos os anos anteriores, não apenas o do ano imediatamente anterior.
Temos, assim, duas possibilidades de redigir esse texto: "A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo começou bem o ano de 2005. Atingiu número recorde de assinaturas" ou "A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo começou bem o ano de 2005. Atingiu número de assinaturas superior ao do ano passado". A construção mais adequada será a que contiver a informação correta, coisa que, apenas com a leitura desse fragmento, não temos como saber.
Curiosamente, na mesma página da publicação, lemos outro fragmento em que se emprega o termo "recorde". Observe a diferença: "O Metrô de São Paulo fechou as contas de 2004 registrando R$ 40 milhões em receita 'não-tarifária' --que não vem da bilheteria, como publicidade e aluguel de espaços promocionais. O valor é recorde e representa 5% do total da arrecadação da empresa". Agora a palavra foi corretamente empregada, ou seja, o valor foi o maior já registrado.
Não é demais relembrar a correta pronúncia desse termo. Embora comumente pronunciada como proparoxítona ("récorde"), a palavra é uma paroxítona, isto é, a sua sílaba tônica (mais forte) é "-cor-". E a oscilação de pronúncia não pára por aí. Basta lembrar o nome de conhecida emissora de TV de São Paulo: a TV Record (lê-se "recór"), cuja pronúncia é francesa.
Na verdade, a palavra tem origem latina (do mesmo radical de "recordar", "concordar", "cordial", "cardíaco" etc.) e é pelo francês que chega ao inglês para, finalmente, desembocar no português. "Cor" (lê-se "cór"), em latim, quer dizer "coração". Daí "concordar" significar "pôr os corações juntos" e "discordar" significar "separar os corações". Um abraço "cordial" é um abraço "de coração", uma parada "cardíaca" é uma parada "do coração". Saber uma lição "de cor" é sabê-la de memória. Por quê? Porque se acreditava, no passado, que a memória residisse no coração. E que tem isso tudo que ver com "recorde"? "Recorde" é a melhor marca atingida por um atleta em uma atividade esportiva; é, portanto, uma marca "memorável" ou inesquecível. Daí "recorde". Como se vê, o sentido da palavra ampliou-se figurativamente. Seu emprego tem claro valor enfático.
[Folha de S. Paulo, 7 jan. 2005.]
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Um comentário:
Está faltando as palavras: azarado, zero,arma, arame,alameda, saida, rimada. Completei do meu7 jeito. É que não resisto a uma palavra cruzada .
Bom domingo, Claude !
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