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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 23 de agosto de 2009

Olga Benário Prestes - 1908-1942



Espiã stalinista alemã. Olga Gutmann Benário nasceu em Munique, na Alemanha, em 1908, numa família judia de classe média alta. Em 1923, com quinze anos de idade, iniciou sua militância junto ao movimento comunista alemão. Em 1926, tornou-se membro do Partido Comunista Alemão.

Nesta época, trabalhou em Berlim, capital da Alemanha, na representação comercial da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Neste período, a URSS era governado pelo ditador Josef Stálin. Olga, em 1926, é feita Secretária de Agitação e Propaganda da Juventude Comunista.

Por duas vezes Olga ajudou na fuga de Otto Braun, um alemão preso em seu país por espionar para a URSS, e amante de Olga. Em 1928, após apontar arma para a cabeça de um juiz para dar fuga a Otto Braun, Olga refugiou-se com ele em Moscou.

Lá Olga participou do V Congresso da Juventude Comunista. Em 1929, volta à Alemanha, então vivendo a democracia da República de Weimar, e fica presa por três meses, sob a acusação de atividades subversivas. Libertada, volta à URSS e passa a trabalhar no Comintern, uma organização internacional criada por Stálin para dominar o movimento marxista mundial e perseguir pensadores e correntes dissidentes, como os anarquistas e os trotskistas.

Em suas atividades de espionagem, Olga adotou diversas identidades e nomes, como Frieda Wolf Behrendt, Olga Sinek, Eva Kruger, Maria Bergner Vilar, Ivone Vilar, Olga Meireles e Maria Prestes.

Em 1934, recebeu do Comintern a missão de acompanhar Luís Carlos Prestes, que vivia na URSS desde 1931, de volta ao Brasil, com o objetivo de promover uma insurreição armada. Nesta época, o Brasil estava sob o governo provisório de Getúlio Vargas, que chegara ao poder através da Revolução de 1930.

Com o fim de disfarçar a missão de Olga, ela chegou ao Brasil já casada com Luís Carlos Prestes. Para a "lua-de-mel" o Comintern também enviou o alemão Arthur Ernst Ewert, o estadunidense Victor Alan Baron, o belga Léon Jules Vallée, e o argentino Rodolfo Ghioldi - todos eles experientes agentes do ditador Josef Stálin.

O casal chegou em 1935 e manteve-se inicialmente na clandestinidade. Em novembro deste ano um levante ocorreu em Natal, e Prestes e Olga tentaram sem sucesso ampliá-lo para o resto do país, mas só haviam conseguido infiltrar-se em algumas instituições militares.

O governo de Vargas conseguiu reprimir o movimento. Enquanto Olga e Prestes tentavam esconder-se da polícia de Vargas, na URSS Josef Stálin intensificava a sistemática eliminação de seus reais e imaginários opositores, um período entre 1936 e 1938 que resultaria em milhões de mortos e de prisioneiros em campos de trabalho forçado.

No Brasil, em março de 1936, Prestes e Olga foram capturados. Na busca por eles, a polícia de Getúlio Vargas descobriu que o Partido Comunista montara um "Tribunal Vermelho" para julgar uma mulher brasileira chamada Elvira Cupelo Colônio, de 18 anos, de codinome Elza Fernandes, ou Garota. Ela fora interrogada pelo belga Léon Jules Vallée e depois assassinada por dirigentes do partido comunista de Luís Carlos Prestes, sob a acusação de traição.

Prestes foi acusado por este assassinato. Rodolfo Ghioldi, preso primeiro, denunciou para a polícia Victor Allen Baron, Léon Jules Vallée e Olga, cuja existência era desconhecida até então. Depois de presa, embora apelasse em todas as instâncias judiciais, Olga foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal - que negou por maioria ao seu pedido de habeas corpus - a ser deportada a seu país natal, a Alemanha, nesta época sob governo nazista.

Entregue à Gestapo, em setembro de 1936, Olga Prestes, que estava grávida, foi recolhida a campo de concentração, onde deu à luz Anita Leocádia Prestes, que posteriormente foi entregue à sua avó paterna. Em 1937, com o golpe do Estado Novo, Vargas obteria poderes ditatoriais. Em 1940, o líder comunista judeu Léon Trotsky que vivia refugiado no México é morto a picaretadas por um agente enviado por Stálin àquele país.

Em 1942, Olga foi executada em câmara de gás, em Bernburg, na Alemanha, pelos nazistas. Antes da execução de Olga, os seus companheiros sobreviventes desta aventura de Luís Carlos Prestes foram culpados pelo fracasso da missão e executados após chegarem à URSS.

Leia também:

MORAIS, Fernando. Olga. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

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