Os dias da Infância são corridos, e as noites custam um sono profundo. Os tempos nos transformam numa incandescente festa. De repente nascem seios, nascem pelos, e já ficamos a contar estrelas, e a vê-las, significativamente.
Depois é a lua, onde nos miramos; é o sol onde nos achamos: cor, energia, e até o amor. Fogo solar... Queima, mas não esconde o poder da musa; queima , queixa, e deixa. Acho que o tempo inesquecível tem que ser dito,sim!
Outro dia estive no Recife. Pensei chegar, e ficar. Foi mais curto do que desejei, mas valeu!
Deixei um pedaço de mim naquele lugar. Nunca voltei pra buscar.Era um pedaço bonito, e o Recife bem que o merecia; era um pedaço tristonho... Entreguei-o às águas dos rios. Transmutaram-se,ficou um sonho, um tempo que nem chega a ser passado... Ficou um conto!Nem de fadas, nem de Esopo, nem de Machado, nem de Clarice... Ficou um conto que fala de amigos!
Recife (PE), 1975.
Rodoviária, no Bairro S.José.
Salta uma mulher de uns 23 anos. De malas e cuias, e três filhos nas mãos. Perece mais, cena de novela mexicana. Vontade de viver, e um emprego debaixo do braço... Será fácil?
Encontraram conhecidos, e por tabela, outros conhecidos acharam..
Combinou um encontro, naquela tarde, e naquela noite ainda, se encontraram.
Drive do Derby... (Um brinde ao momento: gim-tônica, calandre, alerte limão, halls, “Only Yesterday” - The Carpenters. Sons, cheiros,tudo mágico, refrescante e encantante... Noite com olhares, sorrisos reticentes, beijos... Quase soltos, quase loucos, quase dados de mãos beijadas. Era um início, e um fim)!
Vida de turista. Uma semana, uns meses, uns anos... E depois de todos os anos, lembranças doces, amenas.
Talude, Beer House, sorvete no Free Sabor ou Z’ecas, Casa D’Itália, Suape, Maria Farinha, Zoológico, Agulha frita no Samburá de Olinda, comida Chinesa em B. Viagem, água de coco, na Piedade.
Vejo o Paço da Alfândega, a Rua da Aurora, onde existia o Buraco de Otília; vejo a Real da Torre, onde dormi maquiada, de salto alto, meias de seda, esperando a buzina de um carro.
Sexta era dia de matar a saudade; sábado, programa gustativo; domingo era dia de mar, e mar era o seu olhar. Mar caribenho - azul-piscina! Barba perfumada, e inconfundivelmente, bem tratada. Tinha charme, dizia as coisas no tom mais baixo, e sensual. Momentos de contenção do desejo; momentos de explosão do encanto, de pura e clara amizade... Momentos de desencontros e desvios do interesse.
Com aquela criatura aprendi novas perguntas, e novas respostas. Aprendi a passar tempo, nas minhas Recreativas. Éramos amigos!
6 comentários:
Eita que coisa boa é esse Recife! Vixe Maria! que relato bom de se ler, viajando por esses lugares, navegando por bares e prais, cerveja, caipirinha, ostra, caranguejo e beijo. E o detalhe de "esperar arrumada, de meias pretas, uma buzina que não "apita"... é um retrato da eterna espera feminina, de menina, de mulher... (deixa eu eu falar ou me calar?) Tô já fazendo um poema Sauska querida, irmã, amiga.
Os lugares acolhem também o nosso coração , e com ele , os nossos romances, afetos... (risos)
E eu que sou dos lugares ...Tenho tantos !
Faça poesia, Stela .Aliás, isso você já faz o tempo inteiro.
Abraços.c
Socorro,
O lugar de que você fala é Recife, mas as lembranças e os fatos são tão nossos que poderiam acontecer com cada um de nós de tão bonitos.
Abraço,
Claude
Você é a cidade, a cidade é você. Você é Casa Forte, é Piedade, Aflitos,Boa Viagem. Você é 1975, coragem, vontade e saudade, alegria aos olhos no novo e no velho, tristeza. Você é Saltos e baixos, uma cuba livre, sorrisos e falas. Você é 23 anos de sonho, o vento nas pontes a ti roçar os pelos. Você é yesterday, eternamente você é o Recife Antigo...
Lugar de começo e fim. Brasil!
Que comentário poético, Jacinta (Siebra?)!
Menina , pelo visto vamos ter que convocá-la para as postagens autorais. Eu tenho feeling para esses achados.
Abraços.
Claude ,hj você nos surpreendeu, nas artes visuais. A poética e fotográfica já são normalmente belas.
Esse blogue parece acampamento cigano. Uma fogueira sempre acesa, e nós ao redor botando lenha , e vivendo !
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