Dois anos atrás, depois de 40 anos, reencontrei meu amigo e ex-colega de classe Joaquim Pinheiro. Foi um encontro coletivo com mais algumas colegas daquele tempo : Francíria, Regina, Stela, Rosineide, Vera ... Entre relembrar os velhos tempos e informar nossos endereços de fonte , Eduardo Galeano foi citado. Eu havia lido, em tempos diferentes " Veias abertas", e só !
Mas tinha sido uma leitura tão marcante, pelo caráter de informações , que acabamos a ele nos referindo. Dias depois fui avisada que havia um presente para mim, na casa de Dona Almina , deixado por Joaquim . Era O Livro dos Abraços. Surpreendi-me com a leitura leve, que trata da beleza e da emoção dos pequenos momentos. Tem inclusive um quê de lírico, que também faz parte de mim. Ainda não tivera a oportunidade de agradecer ao Joaquim. Faço-o agora, ao tempo em que indico Galeano como leitura obrigatória.
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A Alienação/1
Em meus anos moços, fui caixa de banco.Recordo, entre os clientes, um fabricante de camisas.O gerente do banco renovava suas promissórias só por piedade.O pobre camiseiro vivia em perpétua soçobra. Suas camisas não eram ruins, mas ninguém as comprava.
Certa noite, o camiseiro foi visitado por um anjo. Al amanhecer, quando despertou,estava iluminado.Levantou-se de um salto.
A primeira coisa que fez foi trocar o nome de sua empresa, que passou a se chamar Uruguai Sociedade Anônima, patriótico nome cuja sigla é U.S.A.A.Segunda coisa que fez foi pregar nos colarinhos de suas camisas uma etiqueta que dizia, e não mentia : Made in U.S.A. A ercira coisa que fez foi vender camisas feito louco. E a quarta coisa que fez foi pagar o que devia e ganhar muito dinheiro. ( O Livro dos Abraços)
Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 em Montevidéu em uma família católica de classe média de ascendência europeia. Na infância, Galeano tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol; esse desejo é retratado em algumas de suas obras, como O futebol de sol a sombra (1995). Na adolescência, Galeano trabalhou em empregos nada usuais, como pintor de letreiros, mensageiro, datilógrafo e caixa de banco. Aos 14, vendeu sua primeira charge política para o jornal El Sol, do Partido Socialista.
Galeano iniciou sua carreira jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha, influente jornal semanal que tinha como contribuidores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi também editor do diário Época e editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua obra-prima As Veias Abertas da América Latina.
Em 1973, com o golpe militar do Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina, onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura. Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo. Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde vive ate hoje.
Em 10 de fevereiro de 2007, Galeano realizou uma bem-sucedida operação para tratar um câncer de pulmão.
A obra mais conhecida de Galeano é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina. Nela, analisa a História da América Latina como um todo desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos da América. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana.
Memória do Fogo é uma trilogia da História das Américas. Os personagens são figuras históricas: generais, artistas, revolucionários, operários, conquistadores e conquistados, que são retratados em pequenos episódios que refletem o período colonial do continente. Começa com os mitos dos povos pré-colombianos e termina no início da década de 1980. Na obra, Galeano destaca não apenas a opressão colonial, mas também atos individuais e coletivos de resistência. A obra foi aclamada pela crítica literária e Galeano foi comparado a John Dos Passos e Gabriel García Márquez. Ronald Wright, do suplemento literário do The Times, escreveu que "os grandes escritores dissolveram gêneros antigos e encontraram novos. Esta trilogia de um dos mais ousados e talentosos da América Latina é impossível de classificar".
O Livro dos Abraços é uma coleção de histórias curtas e muitas vezes líricas, apresentando as visões de Galeano em relação a temas diversos como emoções, arte, política e valores. A obra também oferece uma crítica mordaz à sociedade capitalista moderna, com o autor defendendo aquilo que acredita ser uma mentalidade ideal à sociedade. Para Jay Parini, do suplemento literário do The New York Times, é talvez a obra mais ousada do autor.
Como ávido fã de futebol, Galeano escreveu O futebol de sol a sombra, que revisa a trajetória histórica do jogo. O autor o compara com uma performance teatral e com a guerra; critica sua aliança profana com corporações globais ao mesmo tempo em que ataca intelectuais de esquerda que rejeitam o jogo e seu apelo às massas por motivos ideológicos.
Em seu livro mais recente, Espelhos, o autor tem o intuito de recontar episódios que a história oficial camuflou. Galeano se define como um escritor que remexe no lixão da história mundial.
Apesar da clara inspiração e relevância histórica de suas obras, Galeano nega o caráter meramente histórico destas, comentando que é "um autor obcecado com a lembrança, com a lembrança do passado da América e, sobretudo, da América Latina, uma terra intimamente condenada à amnésia".
Além de livros, Galeano também escreve artigos para publicações estadunidenses de esquerda como The Progressive, New Internationalist, Monthly Review e The Nation.
A Alienação/1
Em meus anos moços, fui caixa de banco.Recordo, entre os clientes, um fabricante de camisas.O gerente do banco renovava suas promissórias só por piedade.O pobre camiseiro vivia em perpétua soçobra. Suas camisas não eram ruins, mas ninguém as comprava.
Certa noite, o camiseiro foi visitado por um anjo. Al amanhecer, quando despertou,estava iluminado.Levantou-se de um salto.
A primeira coisa que fez foi trocar o nome de sua empresa, que passou a se chamar Uruguai Sociedade Anônima, patriótico nome cuja sigla é U.S.A.A.Segunda coisa que fez foi pregar nos colarinhos de suas camisas uma etiqueta que dizia, e não mentia : Made in U.S.A. A ercira coisa que fez foi vender camisas feito louco. E a quarta coisa que fez foi pagar o que devia e ganhar muito dinheiro. ( O Livro dos Abraços)
Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 em Montevidéu em uma família católica de classe média de ascendência europeia. Na infância, Galeano tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol; esse desejo é retratado em algumas de suas obras, como O futebol de sol a sombra (1995). Na adolescência, Galeano trabalhou em empregos nada usuais, como pintor de letreiros, mensageiro, datilógrafo e caixa de banco. Aos 14, vendeu sua primeira charge política para o jornal El Sol, do Partido Socialista.
Galeano iniciou sua carreira jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha, influente jornal semanal que tinha como contribuidores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi também editor do diário Época e editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua obra-prima As Veias Abertas da América Latina.
Em 1973, com o golpe militar do Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina, onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura. Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo. Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde vive ate hoje.
Em 10 de fevereiro de 2007, Galeano realizou uma bem-sucedida operação para tratar um câncer de pulmão.
A obra mais conhecida de Galeano é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina. Nela, analisa a História da América Latina como um todo desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos da América. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana.
Memória do Fogo é uma trilogia da História das Américas. Os personagens são figuras históricas: generais, artistas, revolucionários, operários, conquistadores e conquistados, que são retratados em pequenos episódios que refletem o período colonial do continente. Começa com os mitos dos povos pré-colombianos e termina no início da década de 1980. Na obra, Galeano destaca não apenas a opressão colonial, mas também atos individuais e coletivos de resistência. A obra foi aclamada pela crítica literária e Galeano foi comparado a John Dos Passos e Gabriel García Márquez. Ronald Wright, do suplemento literário do The Times, escreveu que "os grandes escritores dissolveram gêneros antigos e encontraram novos. Esta trilogia de um dos mais ousados e talentosos da América Latina é impossível de classificar".
O Livro dos Abraços é uma coleção de histórias curtas e muitas vezes líricas, apresentando as visões de Galeano em relação a temas diversos como emoções, arte, política e valores. A obra também oferece uma crítica mordaz à sociedade capitalista moderna, com o autor defendendo aquilo que acredita ser uma mentalidade ideal à sociedade. Para Jay Parini, do suplemento literário do The New York Times, é talvez a obra mais ousada do autor.
Como ávido fã de futebol, Galeano escreveu O futebol de sol a sombra, que revisa a trajetória histórica do jogo. O autor o compara com uma performance teatral e com a guerra; critica sua aliança profana com corporações globais ao mesmo tempo em que ataca intelectuais de esquerda que rejeitam o jogo e seu apelo às massas por motivos ideológicos.
Em seu livro mais recente, Espelhos, o autor tem o intuito de recontar episódios que a história oficial camuflou. Galeano se define como um escritor que remexe no lixão da história mundial.
Apesar da clara inspiração e relevância histórica de suas obras, Galeano nega o caráter meramente histórico destas, comentando que é "um autor obcecado com a lembrança, com a lembrança do passado da América e, sobretudo, da América Latina, uma terra intimamente condenada à amnésia".
Além de livros, Galeano também escreve artigos para publicações estadunidenses de esquerda como The Progressive, New Internationalist, Monthly Review e The Nation.
Uma das citações mais memoráveis de Galeano é "as pessoas estavam na cadeia para que os preços pudessem ser livres", se referindo ao regime militar (1973-1985) de seu país.
Para celebrar a vitória de Tabaré Vázquez e da Frente Ampla nas eleições de 2004, - a primeira eleição de um governo de esquerda na história uruguaia -, Galeano escreveu um artigo intitulado "Onde as pessoas votaram contra o medo", no qual afirma que a população de seu país finalmente usou o "bom senso" para parar de ser "traída" pelos partidos Colorado e Nacional.
Em 2006, Galeano se juntou a outras artistas renomados como Gabriel García Márquez, Mario Benedetti, Ernesto Sábato, Thiago de Mello e Pablo Milanés na assinatura da Proclamação de Independência de Porto Rico do Congresso Latino Americano e Caribenho.
Em uma entrevista ao jornal Zero Hora, disse o seguinte sobre a vitória de Barack Obama nas eleições de 2008: "Agora, ele entra na Casa Branca, que será a sua casa. Tomara que não esqueça que a Casa Branca foi construída por escravos negros. Chegou a hora dos Estados Unidos se libertarem da sua pesada herança racista".
Em 2005, Eduardo Galeano aceitou o convite para integrar o comitê consultivo da Telesur, uma emissora de televisão pan-latino-americana com sede em Caracas, na Venezuela. Em julho de 2008, Galeano foi agraciado com o primeiro título de Cidadão Ilustre do Mercosul.
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Galeano"
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