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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mentiras na linguagem - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Johann Hari do The Independent fez um artigo importantíssimo sobre o “duplifalar” ou a linguagem para esconder a mentira e justificar a opressão como tão bem George Orwell falava em 1984. São frases e chavões que no dizer de Orwell “só existem para dar credibilidade a mentiras e respeitabilidade a crimes, e para dar aparência de solidez ao que é só vento.”

O jornalista levanta algumas frases importantíssimas nos últimos anos. Como “Sua mensagem é muito importante para nós...” para camuflar exatamente que a mensagem não tem a menor importância senão a pessoa já o atenderia de pronto. Outra é “Com o devido respeito, acho que...” a pessoa já diz isso na porta para desrespeitar o seu interlocutor. Eu acrescentaria “sorria você está sendo filmado” te ameaçam com a filmagem e ainda querem que se faça papel de idiota rindo.

Ele lembra a frase “técnicas avançadas de interrogatório” como o eufemismo para a tortura de presos. Esta foi muito utilizada pela mídia dos tempos de Bush. Outra é que o pessoal que propôs a guerra às drogas terem deturpado a frase “uso de droga” para uma outra muito mais dura como “abuso de drogas”. Na guerra do Vietnam o governo e a mídia camuflavam os massacres sangrentos de civis como a frase “danos colaterais”.

Uma frase de marqueteiro é a “mudança climática” em substituição ao “aquecimento global”. E olhemos que nem original a frase é, pois qualquer alteração no clima conforme as fases de um dia ou as estações do ano é mudança climática. Por vezes uma frase que foi criada para melhorar o raciocínio sobre os fatos como é o caso de “fora do contexto” se tornou uma sentença para matar o debate. Quando alguém argumenta, vem o outro com a maldita “fora do contexto” com mero desejo de barrar a argumentação.

Acontece que a comunicação é para enriquecer as insuficiências do presente. E não se comunicará honestamente com práticas iguais às citadas. Dizia Orwell: “Se nos livramos desses maus hábitos, conseguiremos pensar com mais clareza; e pensar com mais clareza é o primeiro passo para a regeneração política." Na verdade o ideal é que os significados das coisas se expressem na escolha das palavras corretas e não ao contrário. Quando a questão é o aquecimento global, é do fenômeno natural e físico que falamos “aquecimento”, aumento de temperatura e não da embromação de mudança climática.

Obs. O artigo em português foi publicado no Blog do Luis Carlos Azenha Vi o mundo.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Interessante !
E a partir desse texto , penso noutros termos. Da minha parte tenho alguns terríveis. ..!
-Fiquemos atentos !