Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Flor e a Fonte

A Flor e a Fonte

"Deixa-me, fonte!" Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria
Cantava, levando a flor.

"Deixa-me, deixa-me, fonte!
"Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar."

E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!..."

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.

"Adeus, sombra das ramadas,
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr-do-sol;

"Carícias das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!"

*As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor

( Vicente de Carvalho )

Segundo ocupante da Cadeira 29, eleito em 1º de maio de 1909, na sucessão de Artur Azevedo e recebido por carta na sessão de 7 de maio de 1910.

Vicente de Carvalho (V. Augusto de C.), advogado, jornalista, político, magistrado, poeta e contista, nasceu em Santos, SP, em 5 de abril de 1866, e faleceu em Santos, SP, em 22 de abril de 1924.

Era filho do major Higino José Botelho de Carvalho e de Augusta Bueno Botelho de Carvalho. Fez o primário na cidade natal e, aos 12 anos, seguiu para São Paulo, matriculando-se no Colégio Mamede e, depois, no Seminário Episcopal e no Colégio Norton, onde fez os preparatórios.
Aos 16 anos matriculou-se na Faculdade de Direito. Em 1886, com 20 anos, era bacharel em Direito. Republicano combativo, cursava ainda o 4o ano quando foi eleito membro do Diretório Republicano de Santos.
Em 1887, era delegado a Congresso Republicano, reunido em São Paulo. Em 1891, era deputado ao Congresso Constituinte do Estado. Em 1892, na organização do primeiro governo constitucional do Estado, foi escolhido para a Secretaria do Interior.
Por ocasião do golpe de estado de Deodoro, abandonou o cargo que vinha exercendo. Mudou-se, então, para Franca, município do interior paulista, e tornou-se fazendeiro. Em 1901, regressou a Santos, dedicando-se à advocacia.
Em 1907, mudou-se para São Paulo, onde foi nomeado juiz de direito. Em 1914, passou a ministro do Tribunal da Justiça do Estado.

Vicente de Carvalho foi, durante toda a sua vida, um jornalista combativo. Até 1915, sua atuação na imprensa foi quase ininterrupta. Em 1889, era redator do Diário de Santos, fundando, no mesmo ano, o Diário da Manhã, de Santos. Ali manteve ainda colaboração em A Tribuna e fundou, em 1905, O Jornal.
Até 1913 colaborou no Estado de S. Paulo. No fim da vida, cansou-se do jornalismo, mas continuou em contato com seus leitores através dos versos que publicava nas páginas de A Cigarra.

Poeta lírico, ligou-se desde o início ao grupo de jovens poetas de tendência parnasiana. Foi grande artista do verso, da fase criadora do Parnasianismo.
Da sua produção poética ele próprio destacou poemas que são de extrema beleza, como: "Palavras ao mar", "Cantigas praianas", "A ternura do mar", "Fugindo ao cativeiro", "Rosa, rosa de amor", "Velho tema", "O pequenino morto".
Fonte :

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=109&sid=282
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - Copyright 2006

5 comentários:

socorro moreira disse...

" De extrema beleza"!

Me amarro no lirismo poético.

Abraços, menina.

Stela disse...

Obrigada, Corujinha Baiana, por trazer-me nesse final de manhã, um poema que não lia, não reencontrava há tanto tempo, e que adoro, sempre achei belo, sempre me tocou muito. Vicente de Carvalho! puxa, que beleza! um abraço da corujona cearense. (brincadeirinha)

Stela disse...

Obrigada, Corujinha Baiana, por trazer-me nesse final de manhã, um poema que não lia, não reencontrava há tanto tempo, e que adoro, sempre achei belo, sempre me tocou muito. Vicente de Carvalho! puxa, que beleza! um abraço da corujona cearense. (brincadeirinha)

Maria Amélia Castro disse...

Como de costume, lendo hoje o Cariricaturas senti uma grande emoção ao ler “A Flor e a fonte”. Gosto muito dessa poesia, pois era ouvindo ela que adormecia quando minha vó a recitava, balançando a rede.
Essas lembranças, quardadas no arquivo de nossa memória, são muito importantes. Não conheço qualquer teoria, nem depoimentos de psicólogos e psiquiatras que expliquem como se dá o processo de arquivamento dessa lembranças na alma. Mas que elas são muito importantes no decorrer da vida, ah isso são, e ainda mais por quem o fez. Minha avó era uma pessoa especial, inteligente, era um ser iluminado, diferente. Feliz aqueles que puderam conviver com ela. (Na verdade, acho que todas as avos são assim, encantadas e maravilhosas, pois guardam a cumplicidade especial e os segredos do passado, com muitas história e magia).

Corujinha Baiana disse...

Patativa do Crato,
Que bom que você gostou!

Stela e Maria Amélia,

Fico feliz por ter lhes proporcionado boas recordações. Eu também amo esse poema.
Um abraço